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TATW - Viagem a Machu Picchu - Setembro / 2010
#75
marcel toledo Escreveu:

28-09-2010 - Continuação

Cheguei na "transportadora" perto das 17:00 hrs, a moto já não estava mais no "pátio", então pedi ao responsável para me mostrar como estava a moto, um empurra para o outro, risos para lá e para cá, e abrem a porta do bagageiro do ônibus. Confusedhock: Confusedhock: A moto estava deitada no bagageiro e não em pé como haviamos combinado, mas como o serviço de colocar a moto deitada foi porcamente executado, achei por bem deixá-la assim, era melhor do que por em pé e, posteriormente, durante a viagem ela cair, e eu também queria sair o quanto antes da Bolívia, verifiquei se haviam quebrado alguma coisa e estava tudo ok. Colocaram mais umas caixas de mercadorias por cima e continuaram a carregar o ônibus com biscoitos, folhas de coca, eletrônicos, pneus e outras coisas.

Uns 10 minutos após eu ter chegado, o dono da empresa chega e vai verificar o serviço dos funcionários, abre a porta onde está a moto e vê que está vazando combustível da moto, sim o tanque estava cheio 14L e já tinha ido uns 2L. Ele diz que assim não pode ficar, sensato não? E que era para baixarem a moto e esvaziar o tanque, dado o trabalho que iriam ter, o dono do circo me pergunta quanto me foi cobrado para tranportar a moto, eu digo 350 bolivianos e mais 50 bolivianos para embalar, ele muito matuto, desconfiado me pede o recibo, creio que pensou que ninguém pagaria tal quantia já que o valor médio é 200 bolivianos, de posse do recibo ele pede aos empregados que tirem a moto, afinal ele já tinha faturado o dobro. Eu já comentei anteriormente que o calor em Santa Cruz é muito intenso, então o esforço de retirar a moto do ônibus era muito e resolveram travar a mangueirinha do ladrão por onde estava saindo a gasolina, jogaram água no piso e tacaram as mercadorias em cima e bola para frente.

Na fila de passageiros, converso com um brasileiro para saber quanto ele havia pago na passagem do ônibus, ele diz 100 bolivianos, eu digo paguei 220 bolivianos, um moleque houve e começa rir, e pergunta quem foi, eu aproveito que o cara (Marcos) que vendeu estava vindo na nossa direção e aponto, pergunto se o mesmo era amigo dele, ele diz que sim, quando o Marcos se aproxima, digo ao Marcos:

- Oh, o cara aqui tá rindo porque você me cobrou 220 na passagem que custa 100.

O Marcos fica meio sem jeito, da umas risadas e diz para o outro cara:
- O importante é que tratei cara-cara, não pelas costas!

Eu apenas olho e espero, para ver se ele iria se propor a devolver o dinheiro, 8-) 8-) 8-) 8-) JAMAIS. Penso que as pessoas perdem a oportunidade de agir corretamente, errou a primeira enganando e errou novamente ao não devolver, que o Marcos tenha sorte com a lei do retorno. Como a mim só importava sair da Bolívia, me fingi de tonto mais uma vez, e não seria a última.

Embarco às 18:00 hrs no ônibus, ainda estava um mormaço bravo. 90% do ônibus era de homens, numa poltrona próxima tinha um cara com a barriga avantajada que para aliviar o calor, a deixou para fora da camiseta, outros já tiraram os sapatos, subiram uns 5 brasileiros com um rádio de mão ouvindo Bruno e Marrone, pensei que a viagem seria díficil. Pouco antes do ônibus sair, entra 3 vendedoras ambulantes, uma vendia Frango assado e arroz, outra um tipo de empanado e a última bebidas, alguns compraram e o odor tomou conta do coletivo.

O ônibus sai e para no controle da estação, nisso entra um rapaz no estilo do Agustinho da Grande Família, e começa falar sobre limpeza de intestino, questiona quantas pessoas naquele ônibus fizeram desmifurgação quatro vezes no ano como recomendam os médicos??? Daí começa a anunciar um produto milagroso, que previne desde o mau hálito até o câncer de colo, sendo esta a pior doença, segundo o vendendor. E isso segue durante uns 20 minutos. O produto é um pózinho que custa 10 bolivianos, mas quem levar um paga 7 se levar 2 paga 10 bv. mas criança consome meio pacote e adulto inteiro. Quando pensei que havia acabado, temos mais 10 minutos sobre reumatismo e artrite, e por fim uma pomada milagrosa, a qual ele aplica em todos os passageiros que compraram o pózinho milagroso, e foram vários, por fim ele desce do ônibus e a paz e o calor voltam a reinar.

Vamos ao que interessa, entre Santa Cruz e San José é onde fica o trecho não asfaltado, acredito que uns 120 à 150 km depois de Santa Cruz. Há um trecho de 6 km aprox. de terra e depois o asfalto retorna, ai terá novamente outro trecho de aprox. 100 km de terra, depois até Corumbá é só asfalto. Eu calculei estas distâncias com base no horário que eu acordava e a velocidade do ônibus.

O trânsito nesta estrada é de veículos pesados, por várias vezes o ônibus parou para passar em valetas na pista que chegavam a raspar o assoalho. Começou também a época de chuvas então tinha uma parte de lama que alguns caminhões tiveram dificuldade para cruzar, atolando e fazendo mais buraco na pista. É comum atravessarem carreta para voltar e tentar por outro caminho, os ônibus também fazem o mesmo. Foi o que consegui apurar do trecho e fiquei contente por ter optado por ir de ônibus, em dois ou mais, a diversão para mim seria garantida, sozinho eu ficaria com muito medo e receio, então, aproveitei bem a poltrona do ônibus enquanto via a dificuldade dos motoristas.

Acordei próximo a Porto Quijjaro, aproveitei o bloqueio da narcóticos para ir ver a situação da moto, afinal o ônibus tinha balançado muito na terra, mas estava tudo bem. Ah durante a noite, muito ronco e fedo de suor, fecharam as janelas devido ao frio, então virou aquele forno, sorte que o sono bateu e dormi horas seguidas.


29-09-2010

Em Porto Suarez desembarquei a moto, claro que era um serviço adicional, não incluso no pacote, por mais 60 bv. Montei a bagagem e retrovisores, um quebrado e parti para Corumbá.

Na fronteira com Corumbá os bolivianos me liberam sem maiores dificuldades, quando eu ia alegre pelo lado brasileiro, os fiscais da alfandega resolvem que querem revistar a moto. Exclamo mentalmente um PALAVRÃO e digo verbalmente ao agente, sim aguarde um segundo que já te entrego a mochila para que a reviste, isso depois do PALAVRÃO ter me questionado sobre o que eu estava fazendo, apreciados todas as roupas de proteção que vestia, os carimbos de todos os países que passei, a minha fala que não qualificava-me como um vagabundo, mas mesmo assim fazia parte do PROTOCOLO a revista, vá.... :-x :-x nesse tempo todo que fiquei lá não vi ninguém desmontar banco e painel de taxi que vai e volta todos os dias, bando de PALAVRÃO. Mas como eu não queria acabar nú e com a moto desmontada, guardei o ódio e ira para mim e tratei com cordialidade os agentes. Enquanto eu remontava tudo, uma outra fiscal, curiosa, veio questionar-me sobre a viagem, eu sempre tratei todo mundo bem nesta viagem, mas naquela hora eu estava com calor e puto, fui seco na resposta, então ela disse:

- Nossa que desânimo!

Eu respirei, contei até dez e disse:

- É que a Bolívia me cansou demais.

Terminei de montar as coisas e toquei para Campo Grande, 70 km depois de Corumbá me mandam encostar novamente, tiro o capacete, comprimento o policial militar com um belo BOM DIA, converso um pouco sobre o que estou fazendo para onde vou e de onde veio, ele pede que abra o baú, eu respiro fundo e digo a ele:

- Você vai querer ver a mala também né?

Ele : - Sim
Eu : - Tá, já desmonto.

Ai, fui desarmando tudo novamente, aquele monte de cabo elástico, fita com trava, galões, capa de chuva. Enquanto isso vou conversando sobre a viagem, os países, mas não importa, é mas fácil me parar e ter a certeza que não vai trocar tiro do que sair da BR e ir para a estrada de terra por onde passa quem"tá carregado". Fiz tudo com tranquilidade, olharam tudo novamente, esvaziaram toda a roupa da mochila, se lambuzaram com óleo espalhado no baú :x e ai fui remontar tudo novamente.
Enquanto eu ia colocando as coisas na mochila, ia parando, respirando, até que o policial perguntou :

- Não deu aí? Não coube?

Sem respirar muito, mas ainda educadamente, respondi:

- É que eu tô sem ânimo para montar, dá muito trabalho.

Ele não satisfeito:

- Mas você já devia estar acostumado, afinal, deve ter sido parado muito nestes tantos KM.

Eu

- Não, só fui revistado na fronteira a pouco e agora por vocês. Mentalmente completei: os demais tiveram discernimento e viram se tratar de um turista.

Ainda não satisfeito o policial questiona, com orgulho do bom trabalho que realizava.

- Mas na fronteira não revistaram tudo, certo?

Eu

- Tudo!

Ele

- Até dentro da mala, tiraram tudo?

Eu

- Sim

Ele ficou meio abatido por não ter sido o primeiro a fazer tal sacanagem.

Depois de 30 min, no mínimo, perdidos, continuei para Campo Grande, torcendo para não aparecer mais nenhum comando, para eu não ter que fazer todo o procedimento novamente, já não sabia até quando duraria minha educação e tolerância, felizmente não teve mais nenhuma ocorrência.

A estrada que corta o pantal ligando Corumbá a Campo Grande, está bem conservada, nos primeiros 150 km há trechos com remendos e sem acostamento e, num desses trechos sem acostamento, eu parei a moto para tirar fotos de passáros. Como não queria parar na pista, desci para o acostamento de terra, clara, que me parecia terra, mas na verdade era um tipo de mingau, no que a roda da frente tocou a areia, já escorregou tudo para o lado do barranco onde estavam os passáros, tentei apoiar com o pé mas atolou uns 4 cm, a sorte foi que a moto parou de escorregar e atolou no mingau. Desliguei o motor e tirei a foto, liguei a moto e comecei a tentar sair, foi escorregando para lá e para cá e nada de conseguir subir nos asfalto novamente, e escorrega, quase caí no barranco novamente, vai, vai, vai, a dianteira subiu nos asfalto, daí a traseira com um pouco de gangorra subiu também, tracionei no asfalto e quase caí, devido ao mingau ainda na roda, mas ai limpou e pude seguir o meu caminho.

Parei num restaurante na beira da estrada, tinha peixe assado, frito, carne, arroz, FEIJÃO, mandioca, salada, ovo frito, ovo cozido, e mais um monte de coisas \Big Grin/ \Big Grin/ \Big Grin/ . Nunca dei valor a essa fartura que temos, e só depois de viver um pouco outra realidade que eu valorizei isso. Eu não encontrei nenhum self-service nos países em que passei, e sempre os pratos que pedi, vieram com pouca carne, seja qual for o tipo de carne, e as vezes com pouco cereal também. Exceto na Argentina, lá eles te dão bastante carne, mas no Chile, Bolívia e principalmente no Peru, a comida não é farta e em sua maioria só há frango para comer.

Na estrada vi também um tucano, cruzando a rodovia, muito legal, e mais legal que isso foi ver uns urubus tentando comer um jacaré, morto, mas pareciam não ter sucesso com as investidas, iria tirar foto mas em respeito ao jacaré e a refeição dos abutres, deixei para lá.

Cheguei aqui em Campo Grande, amanhã vou seguir até Andradina ou São José do Rio Preto. Logo estarei em São Paulo.

Abs a todos


MOTO:
Mobi 81; DT180 83; XLX250 85; Dakar 88; XLX250 85; Elefantre 89; DT200 95; XT600 97; Falc 00; Biz 99; NX200 99; Torn 02; XR 200 96; Tenere 600 90; Torn 06; XT66 08; Falc 06; Torn 05; Fazer250 05; XT66 05; Falc 01; Falc 08; XT66 08; G650GS 10; F800GS 10
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