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Já quase anoitecendo volto para a estrada em direção a Montevidéu. Minha intenção
era chegar próximo da capital e dormir em algum hotel ou motel antes da entrada,
pois costumam ser bons e baratos e, no dia seguinte, eu atravessaria esta grande
cidade nas primeiras e mais agradáveis horas do dia.
Por falta de opções de hospedagem, penetro na capital pelo Sudeste, região mais
abastada e com poucos e caros hotéis. Paro no primeiro deles quase a beira-mar e
desço, muito cansado, para perguntar preço da diária, nem fazendo questão
de julgar a suntuosidade de sua fachada:
“Cento e oitenta, senhor”
_Pesos? Pergunto eu.
_Dólares, senhor.
Me contive para não esboçar uma sonora risada,
agradeço e volto para minha fiel escudeira estacionada na rua.
Parei no Hotel Europa, 3 estrelas, que, finalmente possuía vaga, US$ 55,00 por pessoa.
Estava tão cansado que nem pisquei para aceitar.
Preenchi rapidamente o questionário e subi ao apartamento com três camas.
Nem desfiz os alforges. Me despi, tomei um banho, deitei na cama e liguei a TV
onde o canal de notícias passava uma reportagem policial relatando o acidente sofrido
por um casal de motociclistas na região de Punta Del Leste, exatamente onde eu havia
passado algumas horas antes. Estavam completamente dentro das regras de trânsito,
passeando tranquilamente com uma TransAlp (pelo menos é o que me pareceu os
restos da moto que estavam sendo filmados) e um carro passou por cima deles,
depois de tentar uma ultrapassagem forçada.
Com a o corpo e a mente entorpecidos pelos pensamentos e
pelo cansaço, desmaiei na cama.
Acordei cedo de manhã e lembro-me que o hotel oferece um ótimo café da manhã.
Desço ao hall onde surpreendo-me com um som aveludado de um
Vivaldi muito bem tocado num piano do saguão.
Foto 41: Um belo acompanhante para o café da manhã.
Após o excelente desjejum, não me contenho e vou elogiar e conversar rapidamente
com o senhor pianista, que iniciou na arte do teclado há mais de 60 anos!
Saio pelas ruas de Montevidéu, com vontade de passear e conhecer os segredos
desta bela capital, mas o coração me indicava o sul, rumo a argentina. Volto para
a avenida beira-mar, faço alguma fotos, completo o tanque de nafta
e tomo rumo da cidade de Colonia del Sacramento.
Foto 42: “Plaza” de Montevidéu
Foto 43: A longa avenida beira-mar, que margeia toda a capital.
Foto 44: Ministério do Exercito uruguaio.
No caminho passo por alguns pedágios. No uruguai e na maior parte da Argentina,
motos não pagam pedágio e passam livres pelo lado direito, tal qual no Brasil.
Nos arredores de Buenos Aires, o valor de P$ 0,40 (R$ 0,22) quase nem compensa o esforço de pagá-lo.
Foto 45: Pedágio no Uruguai.
De Montevidéu a Colonia são 180 km de uma
estrada muito bem conservada e sinalizada.
Faço uma parada no acostastamento para ajeitar a câmera fotográfica, que a esta
altura alojava-se dentro da jaqueta, pronta para um clique rápido. Me viro para a
direita e me deparo com um tranquilo casal de pica-paus no poste de luz
Foto 46: Pica-paus no poste
Um motociclista, “manejando” (pilotando) uma C100 Dream vem ao meu encontro e conversamos alguns minutos e sigo em frente.
Ao me aproximar do destino, noto uma paisagem que me fez lembrar das praias da Bahia.
Uma seqûencia de altas palmeiras margeando a rodovia aumentam o prazer do viajante.
Foto 46: Palmeiras margeando a rodovia que leva a Colonia del Sacramento.
O caminho para o porto de onde parte o BuqueBus (balsa) para Buenos Aires é direto
e sem dificuldades. Estaciono a XT e dirijo-me a bilheteria, completamente vazia.
Foto 47: Terminal de partida do BuqueBus
Apesar de chegar por volta do meio-dia, a próxima balsa saía apenas as 16:00.
Do tipo rápida, faz a travessia do Rio da Prata, aproximadamente 30 km, em apenas 1 hora.
Foto 48: Horários do BuqueBus em Colonia del Sacramento
Com tempo de sobra, aproveito para conhecer um pouco dos costumes e da vida do uruguaio.
Chamou-me a atenção o fato deles parecerem não conhecer o capacete. Mães com 2
filhos na mesma moto cruzando as ruas e avenidas sem a mínima preocupação com a segurança.
Foto 49: Motos típicas do Uruguai
Foto 50: Motociclistas sem capacete
Entro em um restaurante para, finalmente, experimentar a famosa Parrilla
(fala-se “parrija”), que nada mais é que um gordo contra-filé acompanhado de
linguiça sobre um forno móvel, para mantê-los aquecidos. Arroz, salada e “papa-fritas”
(batata frita) são cobrados a parte. Achei caro. Por R$ 30,00 come-se bem melhor no Brasil.
Foto 51: A famosa Parrilla
Dou uma volta pela orla da cidade, que me pareceu semelhante a Punta del Leste
Foto 52: Orla de Colonia del Sacramento
Finalmente chega o horário de embarcar para a Argentina. Após rápidos trâmites burocráticos
(inclusive a entrega do formulário de entrada, que peguei em Chuy, se tivesse perdido
estava em maus lençois), estaciono a moto na balsa, que não necessitou de nenhuma amarração especial.
Foto 53: XT no BuqueBus
Ao subir as escadas para me acomodar em uma das confortáveis poltronas,
me surpreendo com o interior da balsa, mais parecida com um navio de cruzeiros…
Free-shop, lanchonetes, uma grande parede frontal de vidro e
decks externos para observação, e vários ambientes para circular.
Foto 56: Lanchonete do BuqueBus
Foto 57: Mesas individuais com jornais e revistas a disposição.
Foto 59: Deck externo
Foto 62: Três carros de nacionalidades diferentes: argentina, chile e Uruguai.
Foto 63: Esquina do hotel onde pernoitei
Foto 64: Policial motociclista argentino
Foto 65: Gigantesca Avenida 9 de Julho, com 6 pistas em cada lado.
Foto 66: Obelisco portenho no canteiro central da Av. 9 de Julho
Foto 68: Estaciono na calçada e não sou multado!!!
Foto 69: Xuxu na Casa Rosada, palácio do governo argentino
Foto 71: Policiais e seus pequenos equipamentos prontos para a repressão
Foto 72: Outra vista da Casa Rosada
Foto 73: Encontro dois baianos em Buenos Aires
Foto 75: A larga Avenida 9 de julho
Foto 76: Caminho para Azul
Amanhã posto as histórias de Buenos Aires e de Azul onde encontrei
o legendário Jorge de "La Posta del Viajero en Moto".