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Motos à alcool!!
#3
Achei este artigo no site Motoonline:
Em busca de solução para reduzir a emissão de poluentes o álcool volta ao tanque das motos. Quando deflagrou a crise do petróleo, em 1973, o Ministério das Minas e Energia lançou o que parecia ser a solução nacional para a independência energética: o álcool combustível. Durante mais de 10 anos o brasileiro acostumou-se a abastecer os automóveis com álcool, mas as motos não tiveram muito sucesso. Ainda na época dos carburadores, as motos a álcool revelaram-se pouco econômicas e de pequena autonomia.
Finalmente, já no século 21, com a chegada da injeção eletrônica nas motos, o álcool voltou a ser uma opção viável de combustível. Mais do que isso, graças a eletrônica é perfeitamente possível que as motos também adotem o sistema flex, que permite rodar com álcool e/ou gasolina.
Tecnicamente o álcool é um combustível com ponto de detonação maior, que exige maior temperatura para detonar. Para facilitar esse trabalho de detonação, as soluções são o uso de uma vela mais “quente” e/ou aumentar a taxa de compressão, mas o efeito colateral é facilitar a pré-ignição ou auto detonação, popularmente conhecidas como “batida de pino”. Além disso, por essa característica de ser um combustível “frio”, quando a temperatura ambiente é abaixo de 10ºC torna-se difícil dar partida no motor frio e os automóveis usavam um tanque suplementar para injetar gasolina só para ligar nos dias frios.
Isso tudo pertence ao passado carburado. Graças à eletrônica embarcada – especialmente à injeção eletrônica – o álcool voltou a ser um combustível viável e de fácil aplicação. Mais do que isso, com a ajuda de microprocessadores que lêem os parâmetros de temperatura e gases queimados, entre outros, foi possível criar os motores multicombustíveis que podem funcionar com álcool e/ou gasolina! Só que tudo isso é pra carro. Ou melhor, era!
As primeiras experiências com motos movidas a álcool são de 1983, quando Honda e Yamaha lançaram seus modelos CG e RX de 125cc, respectivamente. Em pouco tempo foi possível perceber que as desvantagens superavam as vantagens, principalmente porque o consumo era mais elevado do que o esperado, com o agravante de muitos problemas colaterais na carburação e tratamento das peças como o tanque e carburador.
Vinte anos depois desta primeira experiência as pesquisas do uso de álcool em motores de motos ganharam dois impulsos. O primeiro representado pela chegada da injeção eletrônica e o segundo de ordem ambiental: os motores de moto são comprovadamente mais poluentes do que os de automóveis.
Quando a Yamaha trouxe a XT 660 com injeção começaram as especulações sobre a chegada desse sistema em outros modelos. Não deu outra e logo em seguida a YS 250 Fazer e a Lander 250 entraram em produção. E assim que saíram as primeiras Fazer da linha de montagem já teve gente fazendo as mais diferentes misturas de álcool na gasolina. Inclusive com uso de 100% do álcool. Obviamente que muitas dessas Fazer voltaram à concessionária cheias de problemas.
Até que em abril a empresa de autopeças Delphi divulgou uma notícia bombástica: já tinha pronto e funcionando um sistema de injeção eletrônica bi-combustível para motos. Batizado de Flexfuel, o sistema foi apresentado ao público montado em uma Yamaha YBR 125. Não por coincidência, mesma moto que MOTONLINE já havia anunciado com exclusividade que seria a primeira bi-combustível nacional.
Conforme divulgamos antecipadamente, na Europa a YBR já roda com injeção eletrônica e no Brasil a Yamaha já está testando esse modelo injetado há muito tempo. O plano inicial das montadoras nacionais era lançar os motores flex no começo de 2009, quando entrará em vigor a normalização Promot 3 que reduzirá drasticamente as emissões de poluentes. Mas com o anúncio feito pela Delphi ficou evidente que, pelo menos, a Yamaha sairá com a 125 flex em meados de 2007.
A solução encontrada pela Delphi para criar o motor de moto flex foi alterar o desenho da câmara de combustão da YBR, além de uma vela mais “quente”. Também instalou a sonda lambda no escapamento que lê qual combustível e com qual mistura o motor está sendo alimentado. Essa informação é enviada à central eletrônica que corrige o ponto de ignição e alimentação.
Segundo Roberto Stein, diretor de engenharia e vendas da Delphi, “o Flexfuel foi testado com sucesso em quatro marcas: Yamaha, Honda, Sundown e Harley-Davidson. Todo o sistema está pronto para entrar em produção, agora só depende das montadoras”.
Uma das dificuldades que as fábricas estavam enfrentando para uso de álcool era com relação ao sistema de partida a frio. Segundo Stein, existem duas possibilidades téncnicas. Uma é incluir um sistema de pré-aquecimento do álcool, quando a temperatura externa estivesse menor de 10ºC. No entanto é um sistema caro demais para ser colocado em uma moto de baixo valor. Mas muito confortável para os donos de motos grandes. A segunda possibilidade é bem mais simples, mas depende 100% do fator humano: acrescentar meio litro de gasolina quando chegar o inverno.
Mais do que a economia que pode representar ao usuário, o álcool é a opção energética que pode dominar a próxima década. Até a sisuda Europa e os EUA estão de olho no álcool combustível como forma de reduzir a poluição.
De acordo com Roberto Stein, da Delphi, “os testes revelaram que o consumo do motor de moto com 100% de álcool foi apenas 20% maior do que o motor a gasolina, enquanto nos carros essa relação é de 30%”. Graças a essa equação a economia para os motociclistas será maior do a dos motoristas. Um exemplo bem simples: se um motociclista roda 200 km por dia com uma YBR 125 a gasolina, gastará 5,7 litros (imaginando o consumo de 35 km/litro) por dia. Com o preço médio da gasolina de 2,50 isso representaria R$ 14,30 por dia. Com o uso de 100% de álcool, o consumo aumentaria 20%, ou seja, 28 km/litro, no entando o preço do álcool é cerca de 50% menor do que o da gasolina (R$ 1,25). Logo, para rodar 200 km o mesmo motociclista gastaria R$ 8,90 por dia, uma economia de R$ 5,4 por dia! Ao final do mês a economia pode chegar a R$ 100, suficiente para pagar a prestação de outra moto!
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