07-09-2016, 08:42 PM
Bem senhores, sei que faz algum tempo que estou afastado dos SaharaManiacos, entretanto com foi vocês que desenvolvi meu gosto pelo MotoTurismo e aqui fiz grandes amizades no motociclismo.
Dessa forma, gostaria de compartilhar com vocês o relato da minha viagem de 10.552 km entre o Brasil, Argentina, Chile e Peru entre 15 de agosto de 2016 à 6 de setembro de 2016. Espero que se divirtam com a leitura e com as fotos. Um forte abraço aos velhos conhecidos.
1 dia (15 de agosto) - Hoje, uma segunda feira, é o dia que iniciarei a viagem. O domingo tirei para separar minha bagagem e deixar tudo encaminhado para só tomar café da manhã, colocar a roupa de viagem e pegar a estrada. Entretanto, na madrugada, caiu um temporal que parecia que estávamos em plena operação Blitz alemã em Londres, uma barulheira de trovão que não conseguimos dormir direito. Dessa forma, acabamos ficando na cama um pouco mais e saímos mais tarde. Durante a manhã, a viagem não rendeu e uma fina garoa nos pegou por uns 40 minutos só para emporcalhar a moto que estava limpa, já no primeiro dia. O começo da BR 282 estava lenta e paramos em Santa Bárbara do Sul. O fato curioso do dia foi que quase atropelei um Sagui que cruzou a estrada despreocupadamente, próximo do meu destino. Nem quando desacelerei a moto e fiz uma manobra evasiva ele se assustou ou mudou o seu trajeto. Outro fato relevante é que o suporte do protetor de corrente quebrou. Certamente decorrente de algum abuso meu com a moto na buraqueira ou no fora da estrada em outra viagem, pois já tive esse mesmo problema no primeiro ano da moto, quando andei muito rápido numa estrada de chão. Mas isso não acarretou problemas, coloquei o protetor na bagagem e segui viagem.
2 dia (16 de agosto) - Dessa vez saímos mais cedo para perder o atraso do dia anterior e voltar ao cronograma. Antes do meio dia já passamos por São Borja e entramos na Argentina. Na aduana, conversamos rapidamente com um motorista de ônibus que nos deu algumas dicas. Depois veríamos que suas indicações estava um pouco acima dos valores que costumamos pagar e acabamos não acatando. Em relação aos trâmites aduaneiros, estes foram rápido. Agora tudo na Argentina é informatizado e você não precisa carregar nenhum papel adicional, nem para a moto. O fato ruim do país é que de novo estou me incomodando com frentistas que sempre derrubam gasolina no tanque da moto, quando acabam o abastecimento e tiram o bico da bomba de qualquer jeito. No final da tarde já chegamos em Corrientes e fomos no hotel indicado pelo motorista, porém ao ver que a diária estava mais de 350 reais, decidimos nos hospedar em Resistência, no hotel Bariloche, um hotel simples só para o pernoite. Quanto as estradas, no Rio Grande do Sul estavam razoáveis, melhorando bastante na Argentina.
3 dia (17 de agosto) - De Resistência até Salta é uma reta interminável pelos estepes Argentinos. A estrada está na sua maioria em excelentes condições, porém alguns trechos estão em obras e acaba sendo necessário pilotar em rípio. Outro desvio que tivemos que fazer foi por causa de uma manifestação de sem-terras, acho, que fechou a estrada principal e a polícia estava desviando o trânsito para uma estrada de terra. Entretanto, ao perceberem, parte do grupo fechou também esses desvio. Quando vi o transito parado, fui passando os carros e caminhões devagar até chegar no ponto onde os manifestantes derrubaram uma árvore fechando a pista. Havia cerca de umas 30 pessoas, armadas com paus e estilingues, e o que parecia ser o líder deles usava uma máscara de lobo, parecida com a usada no filme A Vila. Um grupo de caminhoneiros só ficava olhando de longe e ninguém teve coragem de ir até lá, só falavam em chamar os Camineros (policiais). Em pouco tempo decidi ir lá ver se eles deixariam pelo menos moto passar. Deixei a Fran com a moto e os capacetes um pouco distante, junto com os caminhões e caminhoneiros e fui falar justamente com o cara da máscara. Apesar de intimidador, o cara não foi agressivo e disse que motos poderiam passar empurrando pelo lado. Ao ver a cena de um estrangeiro ir sozinho lá tratar com os manifestantes, esse grupo de caminhoneiros decidiu ir lá falar com eles enquanto estava voltando. Ao chegar na moto, quando viro, vejo que o grupo de caminhoneiros chegou para conversar e os sem-terra se alinharam por toda extensão da pista. Espero mais alguns instantes para ver o desenrolar da situação, pois não queria estar com minha esposa e minha moto pesada se a coisa descambasse para pancadaria. Logo o mascarado faz sinal para mim, pois tinha me autorizado a passar. Eu e mais 1 motociclista que estava esperando nos aproximamos empurrando a moto, desviamos das duas árvores derrubadas e fomos passando. Quando estava passando um outro manifestante falou entre eles que se tinha como comprar uma moto dessas, poderia ajuda-los ou algo assim. Fingi que não ouvi e fui passando. Cheguei no outro lado, empurrei a moto mais um pouco e fui embora, sem nenhum contratempo maior. Foi uma experiência intensa! De volta para estrada, só peguei um trecho de estrada ruim em Montes Queimados e ao se aproxima de Salta, volta a aparecer montanhas na paisagem, saindo do marasmo das retas, dando um novo ânimo. Em Salta, onde pernoitamos, experimentamos a boa cerveja local que leva o mesmo nome e jantamos em um dos restaurantes descolados do centro.
4 dia (18 de agosto) - Hoje, como nosso deslocamento seria curto, tiramos a manhã para ir no banco fazer o câmbio de reais para pesos argentinos e dar uma volta na cidade. Fui em 2 bancos que não faziam câmbio para não correntistas. Acabei trocando com caras na rua que ficavam gritando “câmbio” e numa cotação melhor do que paguei no Brasil (pois já fui com um pouco de moeda argentina e chilena, peruana não achei no Brasil). A necessidade de mais moeda do que levei foi porque na Argentina é comum postos de gasolina e estabelecimentos não aceitarem cartão, em especial fora dos centros turísticos, como é o caso da minha viagem, que passa por inúmeras cidades. Após passear em algumas praças da cidade e almoçar, seguimos para Purmamarca, onde dormiríamos. A estrada até San Salvador de Jujuy é curva em cima de curva. Deixa o caminho da neve, estrada que liga a Br 282 até Urubici ou a serra do rio do rastro no chinelo. Nesse trecho a Fran ficou enjoada com tanta curva, mas conseguiu aproveitar o visual do início da aproximação dos andes, depois de pararmos 2 vezes para ela tomar um ar. Depois disso, a estrada melhora ainda mais, com a viagem rendendo e o visual continuando a surpreender. Chegamos em Purmamarca ainda durante a tarde e em primeiro lugar nos assustamos em ver como uma cidade tão pequena, com ares de velho oeste, recebia tanta gente. No tempo que liguei o GPS para localizar os hotéis que tinha pesquisado, inúmeros carros e ônibus entraram na cidade. Fiquei com receio de não ter mais lugares, mas consegui um excelente hotel, sem muitas dificuldades. Ficamos com um chalé todo só para nós. No final da tarde ainda deu tempo para conhecermos a cidade, bater várias fotos, jantar e voltar para o chalé numa friaca, pois assim q o sol se põe, a temperatura cai rapidamente. Na janta comi empanada de lhama. É muito bom, parece carne de cordeiro.
5 dia (19 de agosto) - Por estarmos em um chalé todo nosso, saímos sem muita pressa. Partindo de Purmamarca, o caminho até Susques é lindo. Nessa cidade, o posto de gasolina é um ponto de referência para o motociclismo de viagem, pois todos os que aqui passam comentam do posto que se resume a uma única bomba de combustível que fica a céu aberto, escondida na entrada da cidade. Em Susques decidimos também almoçar, porém não foi uma boa decisão porque os poucos restaurantes que existem estavam fechados e no que achamos a comida demorou. Durante a tarde, até o Passo de Jama não houveram problemas e fizemos várias filmagens. A altitude, apesar de sentirmos que qualquer exercício cansa mais, não nos fez mal. O trâmite aduaneiro para saída da Argentina e entrada no Chile demorou um pouco, mas sem problemas. No caminho até o vulcão Lincandanbur o frio pegou pesado e ventou bastante, porém passando o vulcão há uma grande descida e a temperatura normaliza. Chegando em San Pedro de Atacama, fomos direto no Hotel Dunas, que já tinha pesquisado no booking. A mulher que cuida da hospedagem é muito simpática e nos deu excelentes dicas de passeios e de locais para comer. Quem for até lá, recomendo esse hotel.
6 dia (20 de agosto) - Nessa manhã, contratamos o passeio no Geiser del Tatio. Acordamos às 4:40 e a van passou às 5:10, esperávamos que passasse às 5:30. Nem deu tempo de tomar café da manhã. Paciência, o visual compensou e tiramos inúmeras fotos. Voltamos ao meio dia e almoçamos café e panqueca para depois dormir um pouco. No final da tarde fomos até o Vale da Lua. Outro lugar especial que conhecemos nessa viagem. O pôr do sol lá realmente é um passeio imperdível.
7 dia (21 de agosto) - Hoje foi um dia para descansar, recarregar as energias e passear sem compromisso pela cidade e pelas redondezas da praça de armas. Para quem é mochileiro ou aventureiro, San Pedro de Atacama é um lugar necessário a se conhecer. Interessantíssimo e com pessoas e línguas do mundo inteiro. No almoço provamos 2 cervejas locais, sendo que uma era de pêra. A de Salta achei melhor, mas valeu ter conhecido. A noite fomos dormir cedo, pois no outro dia será de estrada.
8 dia (22 de agosto) - Saímos às 7 horas da manhã em direção ao Oceano Pacífico. A viagem rendeu, pois as estrada no Chile são boas e é praticamente tudo reta e antes das 13h já chegamos em Iquique nosso destino de hoje. Ao lubrificar a corrente ao meio dia, vi que a trava do elo da corrente caiu. Felizmente, ao chegar na cidade, consegui ajuda de uma cara de moto que me levou para uma oficina. Entretanto, essa oficina não possuía a peça que precisava e me indicou outra. No caminho, outro cara de carro me ajudou e localizei a oficina que consegui arrumar meu problema, não sem antes o vendedor tentar me enrolar e me vendar a corrente completa e não somente o elo por 4.000 pesos chilenos. Comprei 2 para garantir. Depois fomos na zona franca de Iquique que ficava ali perto. Apesar dos preços não serem tão bons, a variedade era boa e a Fran ganhou alguns presentes. Para peças de computador, esqueça. A noite, jantamos no shopping e conversamos rapidamente com um brasileiro que estava fazendo um trajeto parecido com o nosso, mas de ônibus. Pelo o que deu para perceber, ele já estava entediado do pessoal, pois estava lá sozinho para dar uma arejada.
9 dia (23 de agosto) - Saímos do hotel um pouco mais tarde que o planejado, umas 9:15. A viagem transcorreu bem até termos que parar 2 vezes por causa de obras na pista e em uma delas esperamos mais de 25 minutos. Ainda, perdemos um tempo em Huara atrás de combustível, pois de Iquique até Arica não tem posto de combustível e não sai com o tanque cheio. Porém, sabia que não é incomum achar oficinas que vendem combustível e foi o que me salvou de fazer um desvio de 70 km até um posto. Ate agora, o Chile tem sido o local onde se passa mais tempo sem ter nenhum tipo de estrutura na estrada. Ate então, não se passa mais de 150 km sem um posto. Ao chegar na aduana, o procedimento de saida do Chile e de entrada no Peru foi novamente mais burocrático que o desejado, mais nada de mais, só me atrasou ainda mais. Por fim, passei em Tacna para fazer o câmbio de reais para soles em uma boa cotação de 0,95, melhor do câmbio que tinha pesquisado no Brasil (apesar de não ter achado a moeda por aqui). Com tudo isso, não consegui chegar em Mollendo, que era o previsto. Dormi em Ilo, no hotel Alastaya e comi no excelente restaurante Katamaran. Como curiosidades, hoje foi o primeiro dia nublado da viagem, até então, tirando a garoa do início do primeiro dia, só peguei céus sem nenhuma nuvem. Outra coisa é que no Peru, a sinalização indicativa dos caminhos para cidades é bem precária, entretanto para curvas é muito boa e se a placa diz que tem curva à frente, é porque a curva é fechada, mesmo as placas de curva normal, e se a placa é de curva de 90 graus, se prepare para o cotovelo à frente.
10 dia (24 de agosto)- Como soubemos que ganhamos 2 horas por causa do fuso horário, a gente dormiu bem essa noite. Saímos sem muita pressa e novamente percebemos que a sinalização das autoestradas não é muito boa no Peru, especialmente quando passa por dentro das cidades. Mas nada que eu não me acostumasse depois de desviar por alguns metros da estrada por 2 vezes. Isso porque só uso GPS quando chego na cidade de destino para achar hotéis. Penso que na estrada, via de regra, não é necessário e quando fico inseguro sobre o caminho, pergunto em postos de gasolina ou para transeuntes e me forço a interagir com as pessoas. Chegando na estrada Transpacífica, que vai costeando o oceano, o visual é lindo, lembra a estrada Rio Santos mas numa proporção muito maior. Fiz alguns vídeos e fotos da estrada. Por fim, não deu para chegar em Nazca, que era o planejado e acabei dormindo em Porto de Chala, a 170 km do meu destino. A curiosidade é que 80% dos caminhões que cruzei no Peru são de combustível e tenho achado as coisas por aqui baratas. Vários produtos por aqui, como água, biscoito, etc custam 1 Sole.
11 dia (25 de agosto) - Como estávamos perto do nosso destino, chegamos em Nazca cedo e logo fui cotar os preços do passeio de avião, antes mesmo de achar um hotel. Logo na primeira agência, a mulher me tratou tão bem, me indicando o hotel, passeios e dicas do vôo que contratei tudo com ela. Avião foi 100 dólares por pessoa e o hotel 50 pesos o casal. A agência é a Expediciones Nazca, a qual recomendo. No aeroporto (translado incluído) o embarque demorou um pouco mais que o ideal, porém o vôo foi bem legal, apesar de balançar um pouco e todos os passageiros ficarem um pouco enjoados, mas felizmente ninguém passou mal. As linhas de Nazca são realmente bem interessantes. Na saída, a van para nos buscar demorou um pouco para voltar para cidade, mas deu tudo certo. Ao chegarmos na cidade, quando fomos procurar um restaurante para almoçar, nos deparamos com um carro do tipo gaiola, lembrando os existentes no filme Mad Max e fomos perguntar informações sobre o passeio. O cara nos disse que o grupo tinha acabado de sair e que podia nos levar até eles para fazermos o passeio agora mesmo. Corremos até um mercadinho ao lado para comprar uma Ruffles e uma coca para comer no caminho e embarcamos no carro. O passeio é divertidíssimo, com a gaiola ignorando a estrada de rípio, e conhecemos um aqueduto pré-inca, as pirâmides de Nazca e um cemitério depredado. Como o dia rendeu e conhecemos os principais atrativos que esperávamos na cidade, amanhã é estrada novamente em direção à Cusco.
12 dia (26 de agosto) - De manhã, ainda em Nazca, perdemos tempo resolvendo a reserva do passeio à Machu Picchu, que deve ser feito com antecedência, em especial agora que é alta temporada. Antes de viajar, acompanhei por alguns meses o número disponivel de pessoas para a visita e sempre tinha vaga, por isso não me preocupei em reservar com tanta antecedência. Agora tive que reservar somente para o dia 30. De manhã, depois de 3 dias só tomando café da manhã com achocolatado e bolachas, pois no Peru é comum não haver café da manhã nos hotéis, decidimos ir em uma cafeteria tomar um café melhor dessa vez e depois seguir viagem. Entretanto, tivemos a péssima idéia de comer um empanado de frango que não fez bem para a Fran. Na estrada, no começo da viagem, minha esposa ficou bem enjoada e tive que parar 2 vezes para ela tomar um ar. Seria melhor se colocasse tudo para fora de uma vez, mas ela não conseguiu. Depois, em Puquio paramos para almoçar, mas não tivemos coragem de pedir nada além de uma água e uma coca, tamanha nojeira do restaurante. Seguimos nosso caminho e a viagem não rendia o esperado, mas pelo menos tivemos uma surpresa. Começou a nevar! Colocamos a roupa de chuva na hora certa e com o equipamento que tínhamos, deu para aproveitar o momento sem nenhum desconforto, só a pilotagem ficou um pouco mais difícil, mas nada que rodar uns km a 40 por hora não resolvesse. Quando começamos a descer a temperatura amenizou um pouco e a chuva parou. Para encerrar do dia de viagem, decidimos parar em Chalhuanca e enquanto pesquisava uns hotéis, umas crianças foram conversar com a Fran que ficou na moto, perguntando se ela era gringa, se dormia na moto e outras coisas. Por fim, ofereceram algo valiosíssimo para essa estranha mulher estrangeira que tinham encontrado: um punhado de balas, tipo balas soft, que chamavam de caramelo.
13 dia (27 de agosto) - Hoje, para não nos complicarmos como no dia anterior, tomamos um achocolatado e comemos bolacha de manhã, pois novamente não tinha “desayuno” no hotel. Saímos em direção à Cusco e às 14h chegamos no nosso destino. Nos hospedamos no hotel 7 ventanas por 75 dólares. Bem mais que os 50 soles que temos pago até agora, mas merecemos um luxo, pois aqui é nosso destino final da viagem. Além do mais, tudo aqui é mais caro e por esse preço, foi um achado, considerando a qualidade do quarto e do hotel. Para ter uma idéia, nenhum hotel que pesquisei perto da praça de armas tinha garagem incluída e todos pediam 30 soles por dia para a moto. Paciência … Depois do almoço, descansamos um pouco e encaminhamos nossos passeios para os próximos três dias. A noite, tomamos um café merecido e fomos descansar. A estrada até Cusco é de um visual incrível, porém eh curva em cima de curva e a viagem não rende. Fazer em um dia o caminho de Nazca até Cusco é bem puxado. Uma dica que já deixo é que tive problemas para pagar as 4 diárias que fiquei em Cusco e pesquisando na internet também li vários relatos de pessoas que tiveram problemas com o cartão por aqui. O que descobri é que, além de habilitar seu cartão para uso internacional, caso sua viagem inclua Peru, Bolívia e Paraguai, você deve informar especificamente a visita a esses países para que não haja negativa de pagamento pelo cartão, pois para compras menores, meu cartão passou sem problemas, mas para pagar os 300 dolares da estadia e para saques com o intuito de quitar essa dívida, tive problemas. Agradeço ao meu pai por me ajudar a resolver rapidamente esse contratempo.
14 dia (28 de agosto) - De manhã, depois do regular café da manhã do hotel fomos na praça de armas e fomos brindados pelas festividades da incorporação de Tacna ao Peru. Era como se fosse uma parada militar, foi bem interessante. Depois, compramos o boleto turístico, almoçamos no KFC (uma franquia americana especializada em frangos … nunca tinha comido e é bem bom) e esperamos o horário para o city tour. O ponto alto do tour foi a catedral da praça de armas, a terceira maior da america latina, ficando apenas atrás de uma no México e outra em Lima. Depois, fomos para as ruínas nas proximidades da cidade. O ponto baixo foi o motorista mal humorado e a van que não tinha ar condicionado ... ou o motorista que não ligou por birra quando pedi. A noite não demoramos muito para dormir, pois amanhã será o passeio no vale sagrado.
15 dia (29 de agosto) - Ao contrário do planejado inicialmente, onde queria fazer o vale sagrado de moto, contratamos um tour para fazer esse passeio. Acho que valeu a pena para termos um pouco mais de informações históricas. Deu para ver a imponência e o nível tecnológico dos Incas para o período, onde fizeram obram monumentais em apenas 300 anos de existência. O fato cômico do dia, foi que ao sair de um dos sítios arqueológicos, a Fran estava com a calça suja, pois sentou em uma pedra. Ao bater para limpar, um casal de orientais se assustou comigo dando uns tapas na bunda da Fran e exclamou algo incompreensível, tipo um OI OI OI !!!!. O ponto alto foi Ollantaytambo: as ruinas e as esculturas feitas na própria montanha são únicas. O ponto baixo foi uma das turistas do nosso grupo que sempre fazia questão de atrasar as saídas. Foi legal também conhecer um pouco da história da extração de prata na região. Amanhã conheceremos Machu Picchu.
16 dia (30 de agosto) - Acordamos as 3 da manhã para pegar um ônibus de Cusco até Ollantaytambo e embarcar no trem que sai às 6 e dez. Lá em Águas Calientes, pegamos o ônibus sem muita fila e chegamos no parque de Machu Picchu as 9 da manhã. O lugar realmente eh espetacular e único, porém por já ter conhecido várias outras construções e locais históricos Incas, não foi um choque emocional tão grande o visual quanto esperava. Não me entenda errado, o local é lindo e mágico, uma paz e uma contemplação da grandiosidade que a humanidade pode alcançar inigualável. Na volta, depois de esperar cerca de três horas o trem das 17:40, voltamos a Ollantaytambo e chegamos em Cusco as 23 h esgotados. Só Saímos para jantar uma pizza e capotamos para amanhã iniciar nossa volta.
17 dia (31 de agosto) - Iniciamos nossa volta por volta das 9h da manhã, mais tarde que o ideal. Isso porque ficamos conversando com um brasileiro motociclista no café da manhã, mas que tinha ido até ali de avião. Os primeiros 400 km depois de Cusco em direção a Puerto Maldonado não rendem muito, pois tem muitas curvas, mas o visual eh espetacular, alterna as montanhas andinas e inicia a Amazônia Peruana. Chegando a Puerto Maldonado, decidimos tocar até o Brasil, em Assis Brasil no Acre, para logo ouvir português e estar em nosso país. Dessa forma, rodei 2 horas e meia durante a noite, o que não costumo fazer e não é recomendado, tanto é que por duas vezes tive que fazer manobras defensivas, uma quando uma boiada estava no meio da rodovia e outra quando 2 bois saíram do mato e cruzaram a via. Felizmente o farol da minha moto é muito bom e não resultou em nada além de uma freiada mais brusca para evitar o acidente. Chegando na fronteira, a aduana estava fechada, mas já deu para fazer o trâmite de saída da moto com o fiscais que estavam de plantão. Em Assis Brasil, foi bom ouvir português novamente e a hospitalidade brasileira também é reconfortante. Para encerrar a noite, me atraquei com um litro de coca gelada, pois no Peru é comum os bares e lanchonetes venderem bebidas na temperatura ambiente. Para completar comemos um espetinho de gato que vendiam na frente do hotel.
18 dia (1 de setembro) - Saímos do hotel às 8 da manhã, mas tivemos que voltar ao Peru para fazer nosso tramite de saída. Dessa forma, só iniciamos mesmo a viagem as 9 h. Os primeiros 60 km do Brasil são horríveis, contrastando com a estrada em perfeitas no Peru. Depois desse trecho a viagem rendeu e seguimos em direção à Rondônia. Depois da divisa entre o Acre e Rondônia, até chegar na balsa do Rio Madeira, a estrada volta a piorar com algumas crateras de dar medo. Passando a balsa, a estrada volta a melhorar e paramos em Jaci Paraná, a fim de não precisar rodar de noite de novo. O curioso desse dia foi a hospitalidade e o modo de vida dos Acreanos, pois o pensamento usual do pessoal aqui do Sul é que quem mora tão longe deve ficar entendiado por estar tão longe de tudo, entretanto, pelo menos 3 pessoas que conversei mais a fundo, disseram que gostam muito de viver por lá e uma inclusive me contou uma história de um familiar que veio para Florianópolis e logo voltou por não se adaptar ao estilo de vida diferente.
19 dia (2 de setembro)- De manhã, perdi um pouco de tempo na viagem por tentar trocar o óleo da moto em uma oficina em Jaci Paraná. Entretanto o mecânico que não estava, e chegou logo depois, disse que não tinha a ferramenta necessária para sacar o filtro de óleo e indicou uma oficina em Porto Velho. Ao chegar na capital e procurar a oficina indicada, descobri que ela não funcionava mais, bem como a concessionária da Suzuki, que existia na minha visita aqui em 2009. Dessa forma fui em uma outra oficina e realizei a troca, apesar do mecânico não ter também a ferramenta necessária e ter feito uma gambiarra para sacar o filtro de óleo. No almoço, paramos em uma churrascaria em Ariquemes, cuja a carne estava excelente. Não é para menos, pois a principal atividade econômica da região é a pecuária. No final do dia, resolvi parar em uma outra oficina em Cacoal, para apertar o filtro de óleo e ver se tinham a pastilha de freio traseira da moto que já estava quase no final. Felizmente, eles tinham tudo e fui tão bem tratado na loja Tigrão Motos e pelo motociclista Gilberto, que me senti obrigado a ficar na cidade e sair para jantar com o pessoal da cidade. Para mim, seria uma desfeita não fazer isso, visto que me trataram tão bem. O Gilberto, além de simpático é um excelente cozinheiro. Pizza, cerveja e carne seca na casa dele para fechar o dia e depois de volta ao hotel indicado pelo amigo.
20 dia (3 de setembro) - Achei que a volta ia ser um tédio só, cruzar o Brasil desde o Acre, porém está sendo um barato. Em cada parada que fizemos em postos, restaurantes ou lojas de conveniência, não é incomum a gente interagir com cada figura e nos divertimos um monte. Além da recepção de motociclistas em Cacoal ontem, hoje conversamos com um senhor que era uma figuraça e dizia que tinha feito um curso e sabia tudo de “vácuo” e de “força centrífuga da curva” e que a moto a 200 por hora fica “leve igual a um papel”. Outro cara estava na “sofrência”, mas de bom humor, por ter brigado com a mulher pelo fato de precisar ter passado 30 dias fora de casa trabalhando. Um outro que não acreditava que a gente não estava fazendo um documentário sobre a viagem. Mas tirando os causos, o dia foi rodar até Cáceres em Mato Grosso. Sobre a estrada, depois de Pimenta Bueno, até a divisa de Rondônia com Mato Grosso, a estrada estava bem ruim. Surpreendentemente, entrando em Mato Grosso, a estrada está nova, praticamente um tapete, apesar do estado ser um grande produtor de soja e ter muitos caminhões …. Espero que essa estrada não se deteriore rápido.
21 dia (4 de setembro) - Hoje saímos de Cáceres em direção a Campo Grande. A estrada entre Cuiabá e Rondonópolis continua sendo um trecho crítico, pois a concentração de caminhões é impressionante, exatamente como aconteceu na minha viagem em 2009. Pelo menos, as condições do trecho melhoraram … não sem a necessidade, agora, de pagar 3 pedágios. O fato impressionante do dia é que, diferente da música “Te ver” do Skank, senti frio em Cuiabá, tanto que liguei minha jaqueta elétrica pela primeira vez ... Nem quando eu enfrentei neve precisei. Porém, agora o frio me pegou de surpresa e ainda estava uma neblina e garoa muito gelada. Outra novidade é que vimos várias araras e tucanos voando perto da estrada. O fato negativo é que abati 1 passarinho em pleno vôo. No fim da tarde, entramos no Mato Grosso do Sul e dormimos em Coxim.
22 dia (5 de setembro)- Saímos as 8 h do horário local. As 9 h, a moto deu um pequeno susto ao começar a piscar o painel como se eu tivesse desligando e ligando a chave com a moto em movimento. Porém, resolvi facilmente ao identificar que era apenas o parafuso do positivo da bateria que afrouxou. Pouco tempo depois, começou a chover e não parou mais, até Paranavaí, no Paraná, a cidade que parei. Foi chuva de tudo quanto era jeito. Garoa, chuvarada, chuva com neblina … no mais, não teve outras novidades no dia, só a alegria de estar perto de casa.
23 dia (6 de setembro) - Iniciamos nossa volta às 8 horas do horário de Brasília. No início da noite, chegamos em casa em São José (ao lado de Florianópolis). Durante a última parada para tomar um café, já bateu um pouco de saudades pela viagem estar acabando e não continuar essa história de cruzar o país … países … continentes … experiências … culturas … pessoas … lugares ... de moto. Porém, é bom estar em casa, no seu canto, na sua cama. Ainda, é necessário voltar ao trabalho, que dignifica a vida do homem ... e te proporciona pagar as suas contas.
Espero que esse relato tenha cumprido o objetivo de entreter o leitor e tenha feito você vivenciar comigo um pouco do que foi essa viagem.
Obrigado e até uma próxima.
Considerações finais:
- Litro da gasolina na Argentina em média 20 pesos (aprox. 5 reais). No Chile, 695 pesos (aprox. 3,85). No Peru, 10 soles o GALÃO (aprox. 2,80 reais o LITRO).
- Para fazer uma viagem nesses moldes, é recomendado uma moto Big-Trail com uma boa autonomia, pois nem sempre as estrada estão boas ou tem pontos de abastecimento próximo.
- Acho a V-Strom uma excelente opção dentro da sua faixa de preço, principalmente e em especial por sua confiabilidade. Ela também possuí uma boa autonomia e excelente conforto. Apesar de que uns centímetros a mais no curso da suspensão e na distância do solo não fariam mal, bem como uma transmissão secundária em cardã (o que só tem em motos bem mais caras).
- As jaquetas e coletes com aquecimento elétrico que usei pela primeira vez nessa viagem são recomendadíssimas. Aumenta demais o conforto tanto em condições mais extremas, como também em chuvas geladas que pode ocorrer em qualquer lugar do país. Já possuía e uso desde 2009 aquecimento de punho elétrico. Um acessório que pode ser colocado em qualquer moto. Procure da marca Oxford.
- Usei pela primeira vez na viagem uma almofada de gel que comprei no mercado livre por 400 reais o par (piloto e garupa). Estas ajudaram muito no conforto. Só irei acompanhar a durabilidade do produto, pois a almofada do piloto já está um pouco “surrada”.
- Por fim, alguns podem pensar que sou maluco por empreender uma viagem desse tamanho apenas em uma moto e com minha esposa. Porém, penso que esse tipo de experiência, onde você tem que se virar sozinho, é fundamental para descobrir quem você realmente é. Te engrandece como pessoa. Faz você lidar com o inesperado por sua própria conta. Além de ser prazeroso demais o contato com o desconhecido, com lugares, culturas e pessoas diferentes do que você está habituado. Certamente, quem passa por isso, longe de toda segurança e garantia do seu lugar comum, sai vacinado contra o espírito de manada.
Dessa forma, gostaria de compartilhar com vocês o relato da minha viagem de 10.552 km entre o Brasil, Argentina, Chile e Peru entre 15 de agosto de 2016 à 6 de setembro de 2016. Espero que se divirtam com a leitura e com as fotos. Um forte abraço aos velhos conhecidos.
1 dia (15 de agosto) - Hoje, uma segunda feira, é o dia que iniciarei a viagem. O domingo tirei para separar minha bagagem e deixar tudo encaminhado para só tomar café da manhã, colocar a roupa de viagem e pegar a estrada. Entretanto, na madrugada, caiu um temporal que parecia que estávamos em plena operação Blitz alemã em Londres, uma barulheira de trovão que não conseguimos dormir direito. Dessa forma, acabamos ficando na cama um pouco mais e saímos mais tarde. Durante a manhã, a viagem não rendeu e uma fina garoa nos pegou por uns 40 minutos só para emporcalhar a moto que estava limpa, já no primeiro dia. O começo da BR 282 estava lenta e paramos em Santa Bárbara do Sul. O fato curioso do dia foi que quase atropelei um Sagui que cruzou a estrada despreocupadamente, próximo do meu destino. Nem quando desacelerei a moto e fiz uma manobra evasiva ele se assustou ou mudou o seu trajeto. Outro fato relevante é que o suporte do protetor de corrente quebrou. Certamente decorrente de algum abuso meu com a moto na buraqueira ou no fora da estrada em outra viagem, pois já tive esse mesmo problema no primeiro ano da moto, quando andei muito rápido numa estrada de chão. Mas isso não acarretou problemas, coloquei o protetor na bagagem e segui viagem.
2 dia (16 de agosto) - Dessa vez saímos mais cedo para perder o atraso do dia anterior e voltar ao cronograma. Antes do meio dia já passamos por São Borja e entramos na Argentina. Na aduana, conversamos rapidamente com um motorista de ônibus que nos deu algumas dicas. Depois veríamos que suas indicações estava um pouco acima dos valores que costumamos pagar e acabamos não acatando. Em relação aos trâmites aduaneiros, estes foram rápido. Agora tudo na Argentina é informatizado e você não precisa carregar nenhum papel adicional, nem para a moto. O fato ruim do país é que de novo estou me incomodando com frentistas que sempre derrubam gasolina no tanque da moto, quando acabam o abastecimento e tiram o bico da bomba de qualquer jeito. No final da tarde já chegamos em Corrientes e fomos no hotel indicado pelo motorista, porém ao ver que a diária estava mais de 350 reais, decidimos nos hospedar em Resistência, no hotel Bariloche, um hotel simples só para o pernoite. Quanto as estradas, no Rio Grande do Sul estavam razoáveis, melhorando bastante na Argentina.
3 dia (17 de agosto) - De Resistência até Salta é uma reta interminável pelos estepes Argentinos. A estrada está na sua maioria em excelentes condições, porém alguns trechos estão em obras e acaba sendo necessário pilotar em rípio. Outro desvio que tivemos que fazer foi por causa de uma manifestação de sem-terras, acho, que fechou a estrada principal e a polícia estava desviando o trânsito para uma estrada de terra. Entretanto, ao perceberem, parte do grupo fechou também esses desvio. Quando vi o transito parado, fui passando os carros e caminhões devagar até chegar no ponto onde os manifestantes derrubaram uma árvore fechando a pista. Havia cerca de umas 30 pessoas, armadas com paus e estilingues, e o que parecia ser o líder deles usava uma máscara de lobo, parecida com a usada no filme A Vila. Um grupo de caminhoneiros só ficava olhando de longe e ninguém teve coragem de ir até lá, só falavam em chamar os Camineros (policiais). Em pouco tempo decidi ir lá ver se eles deixariam pelo menos moto passar. Deixei a Fran com a moto e os capacetes um pouco distante, junto com os caminhões e caminhoneiros e fui falar justamente com o cara da máscara. Apesar de intimidador, o cara não foi agressivo e disse que motos poderiam passar empurrando pelo lado. Ao ver a cena de um estrangeiro ir sozinho lá tratar com os manifestantes, esse grupo de caminhoneiros decidiu ir lá falar com eles enquanto estava voltando. Ao chegar na moto, quando viro, vejo que o grupo de caminhoneiros chegou para conversar e os sem-terra se alinharam por toda extensão da pista. Espero mais alguns instantes para ver o desenrolar da situação, pois não queria estar com minha esposa e minha moto pesada se a coisa descambasse para pancadaria. Logo o mascarado faz sinal para mim, pois tinha me autorizado a passar. Eu e mais 1 motociclista que estava esperando nos aproximamos empurrando a moto, desviamos das duas árvores derrubadas e fomos passando. Quando estava passando um outro manifestante falou entre eles que se tinha como comprar uma moto dessas, poderia ajuda-los ou algo assim. Fingi que não ouvi e fui passando. Cheguei no outro lado, empurrei a moto mais um pouco e fui embora, sem nenhum contratempo maior. Foi uma experiência intensa! De volta para estrada, só peguei um trecho de estrada ruim em Montes Queimados e ao se aproxima de Salta, volta a aparecer montanhas na paisagem, saindo do marasmo das retas, dando um novo ânimo. Em Salta, onde pernoitamos, experimentamos a boa cerveja local que leva o mesmo nome e jantamos em um dos restaurantes descolados do centro.
4 dia (18 de agosto) - Hoje, como nosso deslocamento seria curto, tiramos a manhã para ir no banco fazer o câmbio de reais para pesos argentinos e dar uma volta na cidade. Fui em 2 bancos que não faziam câmbio para não correntistas. Acabei trocando com caras na rua que ficavam gritando “câmbio” e numa cotação melhor do que paguei no Brasil (pois já fui com um pouco de moeda argentina e chilena, peruana não achei no Brasil). A necessidade de mais moeda do que levei foi porque na Argentina é comum postos de gasolina e estabelecimentos não aceitarem cartão, em especial fora dos centros turísticos, como é o caso da minha viagem, que passa por inúmeras cidades. Após passear em algumas praças da cidade e almoçar, seguimos para Purmamarca, onde dormiríamos. A estrada até San Salvador de Jujuy é curva em cima de curva. Deixa o caminho da neve, estrada que liga a Br 282 até Urubici ou a serra do rio do rastro no chinelo. Nesse trecho a Fran ficou enjoada com tanta curva, mas conseguiu aproveitar o visual do início da aproximação dos andes, depois de pararmos 2 vezes para ela tomar um ar. Depois disso, a estrada melhora ainda mais, com a viagem rendendo e o visual continuando a surpreender. Chegamos em Purmamarca ainda durante a tarde e em primeiro lugar nos assustamos em ver como uma cidade tão pequena, com ares de velho oeste, recebia tanta gente. No tempo que liguei o GPS para localizar os hotéis que tinha pesquisado, inúmeros carros e ônibus entraram na cidade. Fiquei com receio de não ter mais lugares, mas consegui um excelente hotel, sem muitas dificuldades. Ficamos com um chalé todo só para nós. No final da tarde ainda deu tempo para conhecermos a cidade, bater várias fotos, jantar e voltar para o chalé numa friaca, pois assim q o sol se põe, a temperatura cai rapidamente. Na janta comi empanada de lhama. É muito bom, parece carne de cordeiro.
5 dia (19 de agosto) - Por estarmos em um chalé todo nosso, saímos sem muita pressa. Partindo de Purmamarca, o caminho até Susques é lindo. Nessa cidade, o posto de gasolina é um ponto de referência para o motociclismo de viagem, pois todos os que aqui passam comentam do posto que se resume a uma única bomba de combustível que fica a céu aberto, escondida na entrada da cidade. Em Susques decidimos também almoçar, porém não foi uma boa decisão porque os poucos restaurantes que existem estavam fechados e no que achamos a comida demorou. Durante a tarde, até o Passo de Jama não houveram problemas e fizemos várias filmagens. A altitude, apesar de sentirmos que qualquer exercício cansa mais, não nos fez mal. O trâmite aduaneiro para saída da Argentina e entrada no Chile demorou um pouco, mas sem problemas. No caminho até o vulcão Lincandanbur o frio pegou pesado e ventou bastante, porém passando o vulcão há uma grande descida e a temperatura normaliza. Chegando em San Pedro de Atacama, fomos direto no Hotel Dunas, que já tinha pesquisado no booking. A mulher que cuida da hospedagem é muito simpática e nos deu excelentes dicas de passeios e de locais para comer. Quem for até lá, recomendo esse hotel.
6 dia (20 de agosto) - Nessa manhã, contratamos o passeio no Geiser del Tatio. Acordamos às 4:40 e a van passou às 5:10, esperávamos que passasse às 5:30. Nem deu tempo de tomar café da manhã. Paciência, o visual compensou e tiramos inúmeras fotos. Voltamos ao meio dia e almoçamos café e panqueca para depois dormir um pouco. No final da tarde fomos até o Vale da Lua. Outro lugar especial que conhecemos nessa viagem. O pôr do sol lá realmente é um passeio imperdível.
7 dia (21 de agosto) - Hoje foi um dia para descansar, recarregar as energias e passear sem compromisso pela cidade e pelas redondezas da praça de armas. Para quem é mochileiro ou aventureiro, San Pedro de Atacama é um lugar necessário a se conhecer. Interessantíssimo e com pessoas e línguas do mundo inteiro. No almoço provamos 2 cervejas locais, sendo que uma era de pêra. A de Salta achei melhor, mas valeu ter conhecido. A noite fomos dormir cedo, pois no outro dia será de estrada.
8 dia (22 de agosto) - Saímos às 7 horas da manhã em direção ao Oceano Pacífico. A viagem rendeu, pois as estrada no Chile são boas e é praticamente tudo reta e antes das 13h já chegamos em Iquique nosso destino de hoje. Ao lubrificar a corrente ao meio dia, vi que a trava do elo da corrente caiu. Felizmente, ao chegar na cidade, consegui ajuda de uma cara de moto que me levou para uma oficina. Entretanto, essa oficina não possuía a peça que precisava e me indicou outra. No caminho, outro cara de carro me ajudou e localizei a oficina que consegui arrumar meu problema, não sem antes o vendedor tentar me enrolar e me vendar a corrente completa e não somente o elo por 4.000 pesos chilenos. Comprei 2 para garantir. Depois fomos na zona franca de Iquique que ficava ali perto. Apesar dos preços não serem tão bons, a variedade era boa e a Fran ganhou alguns presentes. Para peças de computador, esqueça. A noite, jantamos no shopping e conversamos rapidamente com um brasileiro que estava fazendo um trajeto parecido com o nosso, mas de ônibus. Pelo o que deu para perceber, ele já estava entediado do pessoal, pois estava lá sozinho para dar uma arejada.
9 dia (23 de agosto) - Saímos do hotel um pouco mais tarde que o planejado, umas 9:15. A viagem transcorreu bem até termos que parar 2 vezes por causa de obras na pista e em uma delas esperamos mais de 25 minutos. Ainda, perdemos um tempo em Huara atrás de combustível, pois de Iquique até Arica não tem posto de combustível e não sai com o tanque cheio. Porém, sabia que não é incomum achar oficinas que vendem combustível e foi o que me salvou de fazer um desvio de 70 km até um posto. Ate agora, o Chile tem sido o local onde se passa mais tempo sem ter nenhum tipo de estrutura na estrada. Ate então, não se passa mais de 150 km sem um posto. Ao chegar na aduana, o procedimento de saida do Chile e de entrada no Peru foi novamente mais burocrático que o desejado, mais nada de mais, só me atrasou ainda mais. Por fim, passei em Tacna para fazer o câmbio de reais para soles em uma boa cotação de 0,95, melhor do câmbio que tinha pesquisado no Brasil (apesar de não ter achado a moeda por aqui). Com tudo isso, não consegui chegar em Mollendo, que era o previsto. Dormi em Ilo, no hotel Alastaya e comi no excelente restaurante Katamaran. Como curiosidades, hoje foi o primeiro dia nublado da viagem, até então, tirando a garoa do início do primeiro dia, só peguei céus sem nenhuma nuvem. Outra coisa é que no Peru, a sinalização indicativa dos caminhos para cidades é bem precária, entretanto para curvas é muito boa e se a placa diz que tem curva à frente, é porque a curva é fechada, mesmo as placas de curva normal, e se a placa é de curva de 90 graus, se prepare para o cotovelo à frente.
10 dia (24 de agosto)- Como soubemos que ganhamos 2 horas por causa do fuso horário, a gente dormiu bem essa noite. Saímos sem muita pressa e novamente percebemos que a sinalização das autoestradas não é muito boa no Peru, especialmente quando passa por dentro das cidades. Mas nada que eu não me acostumasse depois de desviar por alguns metros da estrada por 2 vezes. Isso porque só uso GPS quando chego na cidade de destino para achar hotéis. Penso que na estrada, via de regra, não é necessário e quando fico inseguro sobre o caminho, pergunto em postos de gasolina ou para transeuntes e me forço a interagir com as pessoas. Chegando na estrada Transpacífica, que vai costeando o oceano, o visual é lindo, lembra a estrada Rio Santos mas numa proporção muito maior. Fiz alguns vídeos e fotos da estrada. Por fim, não deu para chegar em Nazca, que era o planejado e acabei dormindo em Porto de Chala, a 170 km do meu destino. A curiosidade é que 80% dos caminhões que cruzei no Peru são de combustível e tenho achado as coisas por aqui baratas. Vários produtos por aqui, como água, biscoito, etc custam 1 Sole.
11 dia (25 de agosto) - Como estávamos perto do nosso destino, chegamos em Nazca cedo e logo fui cotar os preços do passeio de avião, antes mesmo de achar um hotel. Logo na primeira agência, a mulher me tratou tão bem, me indicando o hotel, passeios e dicas do vôo que contratei tudo com ela. Avião foi 100 dólares por pessoa e o hotel 50 pesos o casal. A agência é a Expediciones Nazca, a qual recomendo. No aeroporto (translado incluído) o embarque demorou um pouco mais que o ideal, porém o vôo foi bem legal, apesar de balançar um pouco e todos os passageiros ficarem um pouco enjoados, mas felizmente ninguém passou mal. As linhas de Nazca são realmente bem interessantes. Na saída, a van para nos buscar demorou um pouco para voltar para cidade, mas deu tudo certo. Ao chegarmos na cidade, quando fomos procurar um restaurante para almoçar, nos deparamos com um carro do tipo gaiola, lembrando os existentes no filme Mad Max e fomos perguntar informações sobre o passeio. O cara nos disse que o grupo tinha acabado de sair e que podia nos levar até eles para fazermos o passeio agora mesmo. Corremos até um mercadinho ao lado para comprar uma Ruffles e uma coca para comer no caminho e embarcamos no carro. O passeio é divertidíssimo, com a gaiola ignorando a estrada de rípio, e conhecemos um aqueduto pré-inca, as pirâmides de Nazca e um cemitério depredado. Como o dia rendeu e conhecemos os principais atrativos que esperávamos na cidade, amanhã é estrada novamente em direção à Cusco.
12 dia (26 de agosto) - De manhã, ainda em Nazca, perdemos tempo resolvendo a reserva do passeio à Machu Picchu, que deve ser feito com antecedência, em especial agora que é alta temporada. Antes de viajar, acompanhei por alguns meses o número disponivel de pessoas para a visita e sempre tinha vaga, por isso não me preocupei em reservar com tanta antecedência. Agora tive que reservar somente para o dia 30. De manhã, depois de 3 dias só tomando café da manhã com achocolatado e bolachas, pois no Peru é comum não haver café da manhã nos hotéis, decidimos ir em uma cafeteria tomar um café melhor dessa vez e depois seguir viagem. Entretanto, tivemos a péssima idéia de comer um empanado de frango que não fez bem para a Fran. Na estrada, no começo da viagem, minha esposa ficou bem enjoada e tive que parar 2 vezes para ela tomar um ar. Seria melhor se colocasse tudo para fora de uma vez, mas ela não conseguiu. Depois, em Puquio paramos para almoçar, mas não tivemos coragem de pedir nada além de uma água e uma coca, tamanha nojeira do restaurante. Seguimos nosso caminho e a viagem não rendia o esperado, mas pelo menos tivemos uma surpresa. Começou a nevar! Colocamos a roupa de chuva na hora certa e com o equipamento que tínhamos, deu para aproveitar o momento sem nenhum desconforto, só a pilotagem ficou um pouco mais difícil, mas nada que rodar uns km a 40 por hora não resolvesse. Quando começamos a descer a temperatura amenizou um pouco e a chuva parou. Para encerrar do dia de viagem, decidimos parar em Chalhuanca e enquanto pesquisava uns hotéis, umas crianças foram conversar com a Fran que ficou na moto, perguntando se ela era gringa, se dormia na moto e outras coisas. Por fim, ofereceram algo valiosíssimo para essa estranha mulher estrangeira que tinham encontrado: um punhado de balas, tipo balas soft, que chamavam de caramelo.
13 dia (27 de agosto) - Hoje, para não nos complicarmos como no dia anterior, tomamos um achocolatado e comemos bolacha de manhã, pois novamente não tinha “desayuno” no hotel. Saímos em direção à Cusco e às 14h chegamos no nosso destino. Nos hospedamos no hotel 7 ventanas por 75 dólares. Bem mais que os 50 soles que temos pago até agora, mas merecemos um luxo, pois aqui é nosso destino final da viagem. Além do mais, tudo aqui é mais caro e por esse preço, foi um achado, considerando a qualidade do quarto e do hotel. Para ter uma idéia, nenhum hotel que pesquisei perto da praça de armas tinha garagem incluída e todos pediam 30 soles por dia para a moto. Paciência … Depois do almoço, descansamos um pouco e encaminhamos nossos passeios para os próximos três dias. A noite, tomamos um café merecido e fomos descansar. A estrada até Cusco é de um visual incrível, porém eh curva em cima de curva e a viagem não rende. Fazer em um dia o caminho de Nazca até Cusco é bem puxado. Uma dica que já deixo é que tive problemas para pagar as 4 diárias que fiquei em Cusco e pesquisando na internet também li vários relatos de pessoas que tiveram problemas com o cartão por aqui. O que descobri é que, além de habilitar seu cartão para uso internacional, caso sua viagem inclua Peru, Bolívia e Paraguai, você deve informar especificamente a visita a esses países para que não haja negativa de pagamento pelo cartão, pois para compras menores, meu cartão passou sem problemas, mas para pagar os 300 dolares da estadia e para saques com o intuito de quitar essa dívida, tive problemas. Agradeço ao meu pai por me ajudar a resolver rapidamente esse contratempo.
14 dia (28 de agosto) - De manhã, depois do regular café da manhã do hotel fomos na praça de armas e fomos brindados pelas festividades da incorporação de Tacna ao Peru. Era como se fosse uma parada militar, foi bem interessante. Depois, compramos o boleto turístico, almoçamos no KFC (uma franquia americana especializada em frangos … nunca tinha comido e é bem bom) e esperamos o horário para o city tour. O ponto alto do tour foi a catedral da praça de armas, a terceira maior da america latina, ficando apenas atrás de uma no México e outra em Lima. Depois, fomos para as ruínas nas proximidades da cidade. O ponto baixo foi o motorista mal humorado e a van que não tinha ar condicionado ... ou o motorista que não ligou por birra quando pedi. A noite não demoramos muito para dormir, pois amanhã será o passeio no vale sagrado.
15 dia (29 de agosto) - Ao contrário do planejado inicialmente, onde queria fazer o vale sagrado de moto, contratamos um tour para fazer esse passeio. Acho que valeu a pena para termos um pouco mais de informações históricas. Deu para ver a imponência e o nível tecnológico dos Incas para o período, onde fizeram obram monumentais em apenas 300 anos de existência. O fato cômico do dia, foi que ao sair de um dos sítios arqueológicos, a Fran estava com a calça suja, pois sentou em uma pedra. Ao bater para limpar, um casal de orientais se assustou comigo dando uns tapas na bunda da Fran e exclamou algo incompreensível, tipo um OI OI OI !!!!. O ponto alto foi Ollantaytambo: as ruinas e as esculturas feitas na própria montanha são únicas. O ponto baixo foi uma das turistas do nosso grupo que sempre fazia questão de atrasar as saídas. Foi legal também conhecer um pouco da história da extração de prata na região. Amanhã conheceremos Machu Picchu.
16 dia (30 de agosto) - Acordamos as 3 da manhã para pegar um ônibus de Cusco até Ollantaytambo e embarcar no trem que sai às 6 e dez. Lá em Águas Calientes, pegamos o ônibus sem muita fila e chegamos no parque de Machu Picchu as 9 da manhã. O lugar realmente eh espetacular e único, porém por já ter conhecido várias outras construções e locais históricos Incas, não foi um choque emocional tão grande o visual quanto esperava. Não me entenda errado, o local é lindo e mágico, uma paz e uma contemplação da grandiosidade que a humanidade pode alcançar inigualável. Na volta, depois de esperar cerca de três horas o trem das 17:40, voltamos a Ollantaytambo e chegamos em Cusco as 23 h esgotados. Só Saímos para jantar uma pizza e capotamos para amanhã iniciar nossa volta.
17 dia (31 de agosto) - Iniciamos nossa volta por volta das 9h da manhã, mais tarde que o ideal. Isso porque ficamos conversando com um brasileiro motociclista no café da manhã, mas que tinha ido até ali de avião. Os primeiros 400 km depois de Cusco em direção a Puerto Maldonado não rendem muito, pois tem muitas curvas, mas o visual eh espetacular, alterna as montanhas andinas e inicia a Amazônia Peruana. Chegando a Puerto Maldonado, decidimos tocar até o Brasil, em Assis Brasil no Acre, para logo ouvir português e estar em nosso país. Dessa forma, rodei 2 horas e meia durante a noite, o que não costumo fazer e não é recomendado, tanto é que por duas vezes tive que fazer manobras defensivas, uma quando uma boiada estava no meio da rodovia e outra quando 2 bois saíram do mato e cruzaram a via. Felizmente o farol da minha moto é muito bom e não resultou em nada além de uma freiada mais brusca para evitar o acidente. Chegando na fronteira, a aduana estava fechada, mas já deu para fazer o trâmite de saída da moto com o fiscais que estavam de plantão. Em Assis Brasil, foi bom ouvir português novamente e a hospitalidade brasileira também é reconfortante. Para encerrar a noite, me atraquei com um litro de coca gelada, pois no Peru é comum os bares e lanchonetes venderem bebidas na temperatura ambiente. Para completar comemos um espetinho de gato que vendiam na frente do hotel.
18 dia (1 de setembro) - Saímos do hotel às 8 da manhã, mas tivemos que voltar ao Peru para fazer nosso tramite de saída. Dessa forma, só iniciamos mesmo a viagem as 9 h. Os primeiros 60 km do Brasil são horríveis, contrastando com a estrada em perfeitas no Peru. Depois desse trecho a viagem rendeu e seguimos em direção à Rondônia. Depois da divisa entre o Acre e Rondônia, até chegar na balsa do Rio Madeira, a estrada volta a piorar com algumas crateras de dar medo. Passando a balsa, a estrada volta a melhorar e paramos em Jaci Paraná, a fim de não precisar rodar de noite de novo. O curioso desse dia foi a hospitalidade e o modo de vida dos Acreanos, pois o pensamento usual do pessoal aqui do Sul é que quem mora tão longe deve ficar entendiado por estar tão longe de tudo, entretanto, pelo menos 3 pessoas que conversei mais a fundo, disseram que gostam muito de viver por lá e uma inclusive me contou uma história de um familiar que veio para Florianópolis e logo voltou por não se adaptar ao estilo de vida diferente.
19 dia (2 de setembro)- De manhã, perdi um pouco de tempo na viagem por tentar trocar o óleo da moto em uma oficina em Jaci Paraná. Entretanto o mecânico que não estava, e chegou logo depois, disse que não tinha a ferramenta necessária para sacar o filtro de óleo e indicou uma oficina em Porto Velho. Ao chegar na capital e procurar a oficina indicada, descobri que ela não funcionava mais, bem como a concessionária da Suzuki, que existia na minha visita aqui em 2009. Dessa forma fui em uma outra oficina e realizei a troca, apesar do mecânico não ter também a ferramenta necessária e ter feito uma gambiarra para sacar o filtro de óleo. No almoço, paramos em uma churrascaria em Ariquemes, cuja a carne estava excelente. Não é para menos, pois a principal atividade econômica da região é a pecuária. No final do dia, resolvi parar em uma outra oficina em Cacoal, para apertar o filtro de óleo e ver se tinham a pastilha de freio traseira da moto que já estava quase no final. Felizmente, eles tinham tudo e fui tão bem tratado na loja Tigrão Motos e pelo motociclista Gilberto, que me senti obrigado a ficar na cidade e sair para jantar com o pessoal da cidade. Para mim, seria uma desfeita não fazer isso, visto que me trataram tão bem. O Gilberto, além de simpático é um excelente cozinheiro. Pizza, cerveja e carne seca na casa dele para fechar o dia e depois de volta ao hotel indicado pelo amigo.
20 dia (3 de setembro) - Achei que a volta ia ser um tédio só, cruzar o Brasil desde o Acre, porém está sendo um barato. Em cada parada que fizemos em postos, restaurantes ou lojas de conveniência, não é incomum a gente interagir com cada figura e nos divertimos um monte. Além da recepção de motociclistas em Cacoal ontem, hoje conversamos com um senhor que era uma figuraça e dizia que tinha feito um curso e sabia tudo de “vácuo” e de “força centrífuga da curva” e que a moto a 200 por hora fica “leve igual a um papel”. Outro cara estava na “sofrência”, mas de bom humor, por ter brigado com a mulher pelo fato de precisar ter passado 30 dias fora de casa trabalhando. Um outro que não acreditava que a gente não estava fazendo um documentário sobre a viagem. Mas tirando os causos, o dia foi rodar até Cáceres em Mato Grosso. Sobre a estrada, depois de Pimenta Bueno, até a divisa de Rondônia com Mato Grosso, a estrada estava bem ruim. Surpreendentemente, entrando em Mato Grosso, a estrada está nova, praticamente um tapete, apesar do estado ser um grande produtor de soja e ter muitos caminhões …. Espero que essa estrada não se deteriore rápido.
21 dia (4 de setembro) - Hoje saímos de Cáceres em direção a Campo Grande. A estrada entre Cuiabá e Rondonópolis continua sendo um trecho crítico, pois a concentração de caminhões é impressionante, exatamente como aconteceu na minha viagem em 2009. Pelo menos, as condições do trecho melhoraram … não sem a necessidade, agora, de pagar 3 pedágios. O fato impressionante do dia é que, diferente da música “Te ver” do Skank, senti frio em Cuiabá, tanto que liguei minha jaqueta elétrica pela primeira vez ... Nem quando eu enfrentei neve precisei. Porém, agora o frio me pegou de surpresa e ainda estava uma neblina e garoa muito gelada. Outra novidade é que vimos várias araras e tucanos voando perto da estrada. O fato negativo é que abati 1 passarinho em pleno vôo. No fim da tarde, entramos no Mato Grosso do Sul e dormimos em Coxim.
22 dia (5 de setembro)- Saímos as 8 h do horário local. As 9 h, a moto deu um pequeno susto ao começar a piscar o painel como se eu tivesse desligando e ligando a chave com a moto em movimento. Porém, resolvi facilmente ao identificar que era apenas o parafuso do positivo da bateria que afrouxou. Pouco tempo depois, começou a chover e não parou mais, até Paranavaí, no Paraná, a cidade que parei. Foi chuva de tudo quanto era jeito. Garoa, chuvarada, chuva com neblina … no mais, não teve outras novidades no dia, só a alegria de estar perto de casa.
23 dia (6 de setembro) - Iniciamos nossa volta às 8 horas do horário de Brasília. No início da noite, chegamos em casa em São José (ao lado de Florianópolis). Durante a última parada para tomar um café, já bateu um pouco de saudades pela viagem estar acabando e não continuar essa história de cruzar o país … países … continentes … experiências … culturas … pessoas … lugares ... de moto. Porém, é bom estar em casa, no seu canto, na sua cama. Ainda, é necessário voltar ao trabalho, que dignifica a vida do homem ... e te proporciona pagar as suas contas.
Espero que esse relato tenha cumprido o objetivo de entreter o leitor e tenha feito você vivenciar comigo um pouco do que foi essa viagem.
Obrigado e até uma próxima.
Considerações finais:
- Litro da gasolina na Argentina em média 20 pesos (aprox. 5 reais). No Chile, 695 pesos (aprox. 3,85). No Peru, 10 soles o GALÃO (aprox. 2,80 reais o LITRO).
- Para fazer uma viagem nesses moldes, é recomendado uma moto Big-Trail com uma boa autonomia, pois nem sempre as estrada estão boas ou tem pontos de abastecimento próximo.
- Acho a V-Strom uma excelente opção dentro da sua faixa de preço, principalmente e em especial por sua confiabilidade. Ela também possuí uma boa autonomia e excelente conforto. Apesar de que uns centímetros a mais no curso da suspensão e na distância do solo não fariam mal, bem como uma transmissão secundária em cardã (o que só tem em motos bem mais caras).
- As jaquetas e coletes com aquecimento elétrico que usei pela primeira vez nessa viagem são recomendadíssimas. Aumenta demais o conforto tanto em condições mais extremas, como também em chuvas geladas que pode ocorrer em qualquer lugar do país. Já possuía e uso desde 2009 aquecimento de punho elétrico. Um acessório que pode ser colocado em qualquer moto. Procure da marca Oxford.
- Usei pela primeira vez na viagem uma almofada de gel que comprei no mercado livre por 400 reais o par (piloto e garupa). Estas ajudaram muito no conforto. Só irei acompanhar a durabilidade do produto, pois a almofada do piloto já está um pouco “surrada”.
- Por fim, alguns podem pensar que sou maluco por empreender uma viagem desse tamanho apenas em uma moto e com minha esposa. Porém, penso que esse tipo de experiência, onde você tem que se virar sozinho, é fundamental para descobrir quem você realmente é. Te engrandece como pessoa. Faz você lidar com o inesperado por sua própria conta. Além de ser prazeroso demais o contato com o desconhecido, com lugares, culturas e pessoas diferentes do que você está habituado. Certamente, quem passa por isso, longe de toda segurança e garantia do seu lugar comum, sai vacinado contra o espírito de manada.
Minha Sahara não é a moto mais econômica, não é a mais bonita e muito menos a mais rápida,
porém a tenho desde zero e no dia 11-4-2009 completou 100.000 km comigo,
sem nunca ter me deixado na estrada com qualquer problema mecânico.
Isso a faz a melhor moto do mundo para mim.
porém a tenho desde zero e no dia 11-4-2009 completou 100.000 km comigo,
sem nunca ter me deixado na estrada com qualquer problema mecânico.
Isso a faz a melhor moto do mundo para mim.