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Um roteiro turístico entre Jaboticabal e Arujá, São Paulo - Martinez - 15-12-2008 Quinta-feira, 11 de dezembro de 2008, 23:00 hs da noite. Martinez se encontra terminando de arrumar suas tralhas para pegar estrada rumo a Arujá na sexta-feira, com uma previsão de sair as cinco da matina, nem que estivesse chovendo, pois o objetivo é fazer um "atalho", o que poderia dobrar a quilometragem para chegar ao destino final. Sexta-feira, 12 de dezembro de 2008, 8:15 hs ... finalmente lá estou engantando a primeira marcha na moto. Esse atraso é culpa de uma bela de uma noite mal dormida, só peguei no sono lá pelas 3:30 da madrugada... Com o trajeto guardado no bolso, mas cuidadosamente memorizado no descanço do capacete, peguei o trecho pela Rodovia Brigadeiro Faria Lima. Mas a festa nela durou pouco, só 19 km e já sai a esquerda rumo a Guariba, uma cidadezinha a 25 km de Jabuca e que eu ainda não conhecia. Guariba tem um histórico interessante... "...Originalmente as terras nas quais se assenta o município de Guariba constituíam uma sesmaria denominada ¨Sesmaria dos Pintos¨ou ¨Sesmaria da Cachoeira¨, cuja área era compreendida entre Araraquara e Jaboticabal. Mais precisamente na área conhecida como "Sobra dos Pintos" é que originou-se a cidade..." Um dos fundadores da cidade foi Evaristo Vaz de Arruda, nascido em Tietê, SP, a 16 de outubro de 1848, filho de Adão Antonio Vaz e Ana Esméria de Arruda. Não tem grande coisa na cidade, isso só me rendeu uma fotinha só pra marcar presença mesmo. ![]() O nascimento do menino Jesus sendo comemorado em Guariba, SP. De Guariba, sai por uma estradinha vicinal entre canaviais, agora rumo a uma antiga cidadezinha chamada Motuca. "...Os primeiros registros de ocupação de Motuca são de 1892, com a construção da Estrada de Ferro Rincão/Bebedouro. Como tantas outras áreas do Estado de São Paulo, Motuca teve seu período áureo com a cultura do café e a criação de gado. Por volta de 1908, houve o assentamento de imigrantes japoneses e portugueses, que desenvolveram atividades ligadas ao setor hortifrutigranjeiro e à cafeicultura. A denominação do município provém de um tipo de mosca de mesmo nome, comum na região por causa da grande quantidade de água ali existente..." ![]() Capelinha em Motuca, SP Após um giro pela cidadezinha, já estava indo em direção à saída da cidade, quando uma fachada nova do outro lado do quarteirão me chamou a atenção. Resolvi ir lá ver o que era... não deveria ter ido... além da fachada ser de um cemitério, ao dobrar a esquina do quarteirão e engatar uma terceira marcha, um pulguento de um vira-latas me leva ao chão. Aliás, chão o kct, era um belo de um asfalto áspero novinho em folha, atuou como lâminas na carenagem da minha moto e no couro de segunda da minha perna, sem falar na dor lazarenta que fiquei na perna esquerda devido ao tombo. Mais uma vez me vi debaixo a moto e precisando de ajuda para me movimentar. Quem me ajudou foi muito possivelmente o coveiro local... ![]() ![]() O inconveniente com o pulguento foi na sexta, a foto abaixo foi tirada no domingo a noite, quando já estava em casa. ![]() Dois dias depois de levar um tombaço por causa de um pulguento a perna ainda estava inchadaça... Bunda na moto e vamos embora. Saí de Jabuca todo animado as 8:15 hs, e agora, 9:30 hs e apenas uns 50 km rodados lá estava eu com a perna esquerda que mal dava pra engatar as marchas... mas isso não iria me desanimar, muito menos fazer decistir da aventura programada!!! Toquei em frente e cheguei em Rincão, uma cidadezinha muito interessante, uma surpresa pra mim, pois como não conhecia e muito menos tinha ouvido falar, achava ser um fim de mundo. Pelo contrário, me impressionou. ![]() ![]() Poucas cidades que ainda zelam por isso... ![]() "...Rincão foi fundada em 1.884. Os primeiros habitantes primitivos da região foram os Guayanás, de uso e costumes próprios, sedentários e não antropófagos, que ali construíram suas tabas. Rincão era a curva do rio que permitia manter reunido o gado ou tropas, porque fechada por três lados, ocupando o quarto, a pionada encurralava os animais. Como o rincão é acidente comum na paisagem gaúcha, a pionada ou tropa, escolhia tais lugares para acampar, daí veio o derivado arrinconar: por os animais num rincão, fazer pouso durante a jornada. O nome atual da cidade de Rincão tem essa origem castelhana, pois foram os tropeiros gaúchos que antes da criação do Distrito de Paz, quem lhe deram essa denominação..." Deixei Rincão pra trás com uma vontadezinha de voltar outro dia. Passei por Santa Clara onde essa velha figueira, ou o que restou dela, me chamou a atenção devido ao seu tamanho. ![]() Resolvi jogar um pouco de lama e barro na perna inchada. Isso é conhecimento popular. Quando criança, se um marimbondo ou abelha me feria, minha mãma me dizia para passar barro. Eu corria onde ela lavava roupa, nada mais nada menos que um pedaço de madeira que era usado para esfregar a roupa, catava um punhado de barro e colocava encima... ![]() Margeando um canavial entre Santa Clara e Américo Brasiliense. Detalhe, tinha um asfalto maravilho a 50 desta lamaceira ai... Depois, tentei botar a culpa na moto e resolvi fazer ela andar na linha. Ainda bem que o trem não pegou a coitadinha... ![]() ![]() Tocando em frente, cheguei a Américo Brasiliense, outra cidade de histórico muito peculiar. Américo Brasiliense <!-- m --><a class="postlink" href="http://www.americobrasiliense.sp.gov.br/index2.htm">http://www.americobrasiliense.sp.gov.br/index2.htm</a><!-- m --> ![]() Marcando presença em Américo Brasiliense Depois de Américo, foi a vez de Araraquara. Essa é uma cidade grande, chamada de cidade do sol. Vale a pena tirar um final de semana pra conhecer bem. Vi uma placa que dizia "cidade mirim", fiquei curioso em saber do que se trata, descobriremos em breve... ![]() Achei bastante inteligente essa fachada desta casa de tintas ![]() Teatro de Araraquara De Araraquara o caminho mais lógico para Arujá era pegar a Rod. W. Luiz... dán, para com isso, vamos sentido Jaú. A próxima cidade que me receberia seria Boa esperança do Sul. Novamente me surpreendi com essa cativante cidadezinha. "...Boa esperança do Sul está localizada entre os rios Jacaré-Guaçu e Jacaré-Pipira, em terras de Araraquara Foi fundada a pedido de Manoel Jorge de Marins, em 1887, devido a uma pequena capela de São Sebastião, às margens do ribeirão Boa Esperança. Hoje, no lugar da capela está a igreja que fotografei..." ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() De Boa Esperança, o roteiro apontava para Bocaina, outra cidade desconhecida para mim, mas por pouco tempo. Agora não tinha mais um twisterzento chato que me acompanhou de Araraquara até Boa Esperança do Sul. O cara chato sô... Logo que saí de Boa Esperança do Sul, Vi uma placa que dizia, Bocaina a 29 km. Rodei por um tempo e vi outra placa, Dois córregos (meu próximo destino) e Bocaina a 3 km. Oxi, mas eu não rodei 25 km, pensei. Daí descobri que era um trevo, do qual teria que sair da rota para chegar na cidade. Resolvi arriscar, mesmo correndo o risco de chegar lá e me decepcionar. Como quem não arrisca não petisca, lá fui eu... que bom que arrisquei, simplesmente adoreia a cidadezinha. Quem a vê, pequenina, encrustada entre duas colinas, logo de cara já vai se decepcionando. Essa foi a minha primeira impressão do lugarejo. Mas, como vi uma torre de igreja, resolvi me aproximar, fotografar o que valesse a pena e voltar. Entretanto, bastou passar o riacho logo na entrada da cidade para ver que a atmosfera era muito agradável. De cara me vi com essa linda igreja. ![]() O interessante desta pacata cidadezinha é que foi fundada devido a um surto de febre amarela nas áreas vizinhas. Os primeiros habitantes de Bocaina se fixaram na região na segunda metade do século XIX e formaram a antiga povoação do Arraial São João, que teve por fundadores o capitão Bento Bernardes Rangel e Luiz Valladão de Freitas. Todo quarteirão tem um casarão antigo, sem muro, janelas de madeira, muito bem cuidadinho, limpinho, coisa linda. Deu vontade de voltar na cidadezinha, só para passear a pé durante a noite, apreciando a beleza daquelas casas de quase 200 anos. ![]() ![]() Igual a este casarão tem uma infinidade de outros igualmente bem cuidados ![]() Essa igreja é um show a parte, linda ![]() Algumas construções muito antigas meio abandonadas, mas cheias de charme ![]() ![]() Muito feliz por passear em Bocaina, já eram 13:00 hs e minha perna já me permitia engatar as marchas fazendo a articulação normal com o pé. Até então, eu não consegui mexer o pé, era obrigado toda vez que ia trocar de marcha, tirar o pé da pedaleira e fazer movimentos com a coxa para cima ou para baixo, usando ou o peito ou a sola do pé para trocar de marcha, mas sem movimentar o tornozelo. Toquei então para Dois Córregos. Essa cidade tem uma história muito interessante. José Alves Mira, um mineiro nascido em 1808, saiu com seu pequeno comboio de Ouro Fino em direção ao centro-oeste de São Paulo em busca de novas terras. Junto com ele, ia seu irmão Luiz Mira e seu filho mais velho, João Alves de Mira e Mello. Eles levaram basicamente sal e toucinho, além das ferramentas e as armas para proteção pessoal. Um aspecto curioso desses comboios é que havia burros com dois enormes jacás presos em seus lombos, aonde iam as crianças e os idosos. ![]() ![]() ![]() Antiga estação de trem, enorme, um dos maiores prédios antigos para este fim que já vi. Pena que está toda detonada. Do lado tem outra, mais nova, e infinitamente mais feia. ![]() ![]() Como será que era na época disso? Nada de e-mail, sms, wap, cruzes... Deixando Dois Córregos para trás, o objetivo agora era fotografar a formação rochosa que deu o nome à cidade de Torrinha. Me ferrei, não era nas margens da rodovia e eu infelizmente não tinha tempo para procurar como chegar no local, ficam essas fotos da net como ilustração. <!-- m --><a class="postlink" href="http://www.torrinhaonline.com.br/img/galeria/foto23.htm">http://www.torrinhaonline.com.br/img/galeria/foto23.htm</a><!-- m --> <!-- m --><a class="postlink" href="http://www.torrinhaonline.com.br/img/galeria/foto24.htm">http://www.torrinhaonline.com.br/img/galeria/foto24.htm</a><!-- m --> Descendo a serrinha, e vendo Torrinha (cidade) do alto, não me apeteceu, passei reto sentido Santa Maria da Serra. Santa Maria é também outro lugarzinho muito morocoxô, sem graça de tudo, Tem um igrejinha mais ou menos e uma pracinha com o já famoso Cristo, nada mais. ![]() Catedral de Santa Maria da Serra, SP ![]() Pai, protegei-me... Deixando pra trás Santa Maria, e passando pelo trevo de São Pedro, depois Águas de São Pedro, me vi em Piracicaba, onde teria uma reunião com o meu gerente Bradesco (mulher na verdade). Se tem um povinho explorador é essa turminha de banco. Sem falar na porcaria da burocracia, só se resolve um assunto, por mais idiota que seja, na sua agência, com o seu gerente, a sua no meu caso, tenha paciência sô... Além de dar aborrecimentos bucocráticos, desta vez deu também "viajandocráticos", pois atrasou a minha viagem. Pensei que resolveria fácil e fiquei mais de duas horas dentro daquela porcaria de banco. Em virtude disto, tive que amputar parte da minha programação inicial, até então seguida a risca. Desencanei de passar por Indaiabuta, Pirapora do Bom Jesus, etc, e fui obrigado a tocar pela Rodovia Anhanguera mesmo, até chegar a Franco da Rocha. Comprei uma busina e toquei em frente. Francisco Morato, Franco da Rocha e Mairiporã, eita lugarzinhos feios, ainda bem que sangue de Cristo tem poder, valha me Deus e Nossa Senhora, é ruim de eu morar ali... A única coisa que se salva neste percurso são os 7 km que margeiam a represa de Mairiporã, o resto é o capeta chupando manga... ![]() O objetivo para tanto sofrimento é a recompensa futura, e ela veio. Eu sabia da existência de um trecho de terra entre Mairiporá e a Rodovia que liga Nazaré Paulista a Guarulhos, e sabia também que desta rodovia até Arujá via Bonsucesso também é chão, e isso era tudo o que eu queria. Após uma certa dificuldade para encontrar o início da estradinha, tudo deu certo. Quem quizer fazer o percurso, vá até Mairiporã, procure pela estação de tratamento de água e se informe para ir sentido Cinco Lagos. No meio do caminho vai ver uma placa dizendo: Estrada municipal, entra a direita na placa e manda ver. Quando acabar o asfalto e começar a terra, mantenha-se sempre à esquerda nas bifurcações. O resto é só alegria. ![]() ![]() ![]() ![]() Gostoso cheirinho de Eucalipto cortado ![]() ![]() Algumas lindas fazendas... ![]() Local para se morrer aos poucos... ![]() Dizem os moradores locais que já ganhou do Corinthians... ![]() Depois de cerca de 25 km de estradinha de terra batida, chega-se na Rodovia que liga Nazaré a Guarulhos, outra excelente pedida, basta olhar as fotos abaixo, elas falam por si. ![]() ![]() Rodovia Nazaré Paulista-Guarulhos,SP ![]() Depois de dar umas inclinadas nas curvinhas da rodovia, novamente mais terra, agora um percurso menor, somente cerca de 6 a 7 km até Bonsucesso e depois finalmente Arujá. Cheguei em Arujá já eram 20:00 hs. Fui a um posto BR, enchi o tanque e me informei para pegar a saída para o pesqueiro Barriga verde, na esperança de encontrar a chácara Belíssima. Após um pouco de estresse, tudo resolvido. Agora era só curtir os amigos e a confraternização de bota fora de 2008. ![]() ![]() ![]() ![]() Àqueles que lerem este meu relato, gostaria que soubessem que isso só me é permitido devido a existência deste grupo. O culto a uma máquina não é nada se você não tem com quem compartilhar os seus momentos de glória, de alegria, e porque não, também os de tristeza. Melhor ainda, se puder compartilhar essas emoções com amigos, amigos verdadeiros. Eu considero amizade muito mais que um ato de afeição, uma questão de boas relações, pois pra mim, afeição e relacionamento pode ser algo falso, interesseiro, aproveitador. Amizade pra mim é algo encantador, nobre no sentido moral, delicada e divina. Amizade é algo tão excelso que poderia dizer que é perto da perfeição. Quando ganhamos um amigo, tudo parece ser mais fácil, a vida se torna mais bela e a semente do amor é frutificada, regada com muita paz, harmonia e sinceridade nos corações de quem é de boa fé. Eu vi várias pessoas emocionadas, tanto durante o evento, como na hora das despedidas. Um choro singular, de quem realmente está vivendo com o coração o momento. Por isso sou imensamente grato de ter ajudado a construir algo que realmente trouxe verdadeiros amigos à minha vida. Muito obrigado, sou eternamente grato aos grandes amigos que aqui fiz. Um grande abraço a todos. Martinez "...Bons ventos a todos!!!" - Marião - 16-12-2008 Tio, show o relato... e as fotos... Pena esse cão ter te atrapalhado um pouco né... e a gerente tb... mas tudo vale a pena quando a alma não é pequena!!! ![]() Abraçooooooooooooooooooooo - Adriano - 16-12-2008 Martinez legal, tanto o relato quanto a memoria fotográfica! passeio - Edu Cintra - 16-12-2008 É isso aí, muito bom mesmo tio... parabéns. abraço Parabens!! - Juh Alice (IN MEMORIAN) - 16-12-2008 ![]() ![]() e das fotos e que passeio turístico maravilhoso que você fez ![]() ![]() ![]() É isso..... ![]() ![]() ![]() passeio - Edu Cintra - 16-12-2008 Trocou de baú tio? Foi devido ao acidente, quero dizer pouso forçado na pista de terra? Pretendo trocar o meu, aquele shad que vc tinha antes desse durou quanto? abraço - Martinez - 16-12-2008 Não troquei não Edu. Se tu ler novamente o meu relato do tombo, verás que eu relatei que ele apenas desencaixou da base, inclusive, fiz grandes elogios ao bauleto. Continuo com o mesmo GIVI de 45 litros, agora com dois ralados, um de cada lado. ![]() ![]() ![]() Martinez - F@vero - 16-12-2008 Show de roda o passeio Tio........esse realmente é o espirito da coisa.... pegar a moto e rodar sem destino ou com destino modificado, descobrino as belezas escondidas nos interiores desse Brasil !!! Parabéns !!! - Paulinho (In Memorian) - 16-12-2008 Martinez também quero parabenizá-lo pelo belo trabalho apresentado... Chegou a ser até interativo... Valeu mesmo... ![]() maravilhaaaaaa - o virus - 16-12-2008 lindas fotos um belo relato. issu e uma verdadeira reportagemmmmmmmmm parabenssssssssssss. ta perfeitooooooooo irmao |