Acidente em pista de terra batida - Versão para Impressão +- Sahara Maniacos (http://www.saharamaniacos.com.br/forumn) +-- Fórum: DIVERSIDADES E ATUALIDADES (http://www.saharamaniacos.com.br/forumn/forumdisplay.php?fid=11) +--- Fórum: No Estaleiro (http://www.saharamaniacos.com.br/forumn/forumdisplay.php?fid=44) +--- Tópico: Acidente em pista de terra batida (/showthread.php?tid=2050) |
Acidente em pista de terra batida - Martinez - 17-11-2008 Interior do Paraná, estradinha apertada, fim do mundo, no meio do nada. Se desconsiderarmos os vilarejos contando apenas com uma escolinha de primário e um mercadinho, a cidade mais próxima estava a pelo menos 100 km de distância. Sexta-feira, 19:00 horas, uma sahara risca a estradinha conduzida por um saharento feliz da vida por estar experimentando pela primeira vez andar em um piso de saibro com um pouco de pedras redondas. A brincadeira de tentar (e conseguir) controlar a roda traseira da moto que divertidamente teimava em sair do seu trajeto normal nas acelerações e frenagens mais "apimentadas", vinha sendo feita a mais de quatro quilômetros. Tinha chovido por volta do meio dia. A estradinha tinha secado somente alguns centímetros, descolando uma camadinha de saibro que ficou como uma areia sobre um piso, liso igual quiabo, mas muito divertido de pilotar. Mas, isso estava por terminar... Após uma reta de uns 200 metros onde a aceleração inevitavelmente aumentou, levando a moto para mais de 100 km/h, me vi com uma decida de também de uns 200 metros, ainda com pista reta. No final da retinha em declive, uma ponte que para minha infelicidade era uma ponte elevada, alta na pista, para ser transposta com cuidado e em baixa, mas muito baixa velocidade. Após percorrer uns 50 metros da decida, a baixada, o óculos escuro, o crepúsculo, a baixada mais escura, e um carro que me aparece na decida do outro lado da ponte me botaram em xeque... Martinez aperta o freio dianteiro e belisca o traseiro, e quase cai. Se recupera, joga uma quinta marcha, tenta frear mais de leve o traseiro e mais forte o dianteiro, e novamente não obtem sucesso... Nisso já estamos a poucos metros da ponte e noto que o motorista do carro tinha acelerado para tentar passar pela ponte, que diga-se de passagem só permitia a passagem de um veículo por vez, ele queria passar primeiro do que eu, não conseguiu... ...passamos os dois juntos, ele devagarinho e em segurança, eu nem tanto... nem no tocante a velocidade quanto menos quanto a segurança... A cerca de uns 30 metros a ponte, e ainda por volta de uns 80 km/h, como ficar concentrado em frear não iria salvar a minha pele, me concentrei em alinhar a moto, desviar do carro e tentar literalmente transformar a ponte em uma plataforma de salto. O motorista do Gol viu a coisa feia, mas se limitou a encostar para a esquerda, me dando cerca de um metro de ponte, só na parte mais alta, na sua cabeceira. Quando fui entrar na ponte, levantei a já dolorida buzanfa do banco, apoiando-me somente nas pedaleiras, joguei o meu corpo um pouco pra trás, braços esticados, moto alinhada, mão no freio, pé no freio... e parti pro abraço. A moto bateu com a roda dianteira na cabeceira da ponte, saltou igual uma perereca e quando caiu, bateu só com a roda traseira na ponte. Para não soltar o guidão, fui puxado pra frente ao mesmo tempo que o banco bateu na minha bunda e me jogou pra cima do painel. O salto e o retorno pro planeta terra foram tão cheios de energia que quando a moto tocou no chão, e como era buraco das rodas dos caminhões e ônibus escolares, eu e sassá fomos novamente lançados para os ares, onde só os que tem asas se dão bem.... Bom, como não temos asas (a sassá até tem duas asinhas da honda, mas elas nada puderam fazer...), o novo retorno pro planeta terra foi bem traumático. Com a poeira levantada pelo carro, por ser baixada e 19 horas, tinha-se exatamente zero de vento. O carro passou, a poeira levantou, e eu fiquei com o abacaxi pra descascar, em meio a poeira que nada permitia ver. "Anton-ce", quando retornamos do segundo salto, já não tinha mais referência de nada. As únicas coisas que eu tinha certeza eram: 1) Eu estava sobre a moto, mais exatamente sobre o painel; 2) Eu não vi naaaaaaaaaada; 3) Tenho certeza estava com a roda dianteira alinhada... bhãn, grande detalhe. Quando tocamos o solo, senti a moto sumir debaixo de mim para a esquerda e eu fui lançado para transformar a estradinha em um escorregador. Sassá e eu compramos uns 8 metros de saibro do interior do paraná. Eu esfregando meu conjuntinho zebra no chão e sassá logo atrás de mim, raspando carenagem, caixa de ferramentas, seta e bauleto... Descobri que eu tenho dotes para patrola, aliso um piso que é uma beleza... Alguns metros a frente, senti meu corpo entrando pro meio do mato, depois uma pancada no ombro. Por fim, me senti literalmente amassado pela moto que me espremeu na lateral da estrada. Levantei mais do que depressa, tentei levantar a moto mas não consegui. Retirei o capacete e minha atenção se voltou para o meu polegar da mão direita que doia mais que dentista extraindo o tal dente do juízo (nunca entendi bem porque tem esse nome...) Nisso já chegaram moradores locais que se prontificaram a me ajudar. Fiquei mais calmo, tirei a luva, nada de errado com o polegar. O ombro doia, a lateral da perna ardia e um pouco de dor no pé direito. A poeira já tinha abaixado um pouco. Pela frente da moto vinha um rapaz de camiseta azul com o meu bauleto na mão, entendi a pancada no ombro. De trás, vinha um outro rapaizinho com a minha barraca na mão. O pneu que eu tinha levado de contra-peso, no lugar do garupa, ainda estava por ali. A moto ainda estava encaixada na lateral da estrada, com a suspensão dianteira toda afundada. Quando eu vi aquilo tive a impressão que tinha virado a roda pra trás, como se tivesse torcido as bengalas. Fiquei desesperado, pois a cidade mais próxima era Adrianópolis, a 100 km, ou, Castro, pra trás, também a cerca de 100 km, tudo terra... Fiquei olhando pra moto com aquela cara de bosta e arrependimento... Escuto o rapaz de azul dizer, vamos levantar a sua moto. Levantamos, nada de errado com a frente da moto.... HUUUURRRRAAAAAA... tô rodando. Minha preocupação se voltou agora para o bauleto, pois imaginei que tinha se quebrado, pois o mesmo pensou que era um avião da TAM e passou voando rente a minha orelha, inclusive atropelando indevidamente o meu ombro. Existe multa para bauleto voador??? Arrumei a base que estava toda torta no bagageiro, peguei o bauleto que permanecia fechado, mesmo após a queda, e simplesmente encaixei ele na base, simples assim... Me lembrei do manete do freio. Também nada com ele, intacto, apenas tinha quebrado o protetor de punho e o retrovisor, também intacto, bastou apenas empurrar ele de volta para a posição adequada. Com a moto no pesinho, dei uma verificada geral, nada de errado aqui, nem ali, funcionou, então vamos embora... ...bem, não estava tudo exatamente certinho não... Enfim, contrariado mas muito, muito contente, montei na moto e fui embora. Rodei mais 40 km até Cerro Azul, abasteci 5 litros, rodei mais 39 de uma estradinha com pedras do tamanho de um côco da bahia, e cheguei em um asfalto maravilhoso que iria me levar à Adrianópolis, 65 km à frente. Abortei o plano inicial de dormir em Eldorado, pois já eram 21:30 hs e ainda tinham 36 km de um asfalto vagabundo até Apiai. De Apiai a Eldorado são cerca de 100 km, e a estrada até Iporanga, 40 km à frente é também de chão. ...quem passar entre Adrianópolis e Apiaí, muito cuidado com as curvas com barrancos, corre lama, quase que tomo outro capote... Lembram que eu disse que tinha dado um visu na moto em busca de possíveis problemas e achava que estava tudo certinho, mas que não estava? Então... Rodei os 40 até Cerro Azul, os 39 até Tunas, os 65 de asfalto estilo serra de Tapiraí, arrepiando nas curvas e judiando dos freios, principalmente o dianteiro, os 36 até Apiaí, onde dormi. No outro dia cedo, peguei o trecho para Iporanga. Rodei uns 30 km e quando lá vou eu, arrepiando em uma estradinha apertada estilo a que desce a serra pra Ubatuba, para quem vai de Taubaté, quando dou uma agarrada no freio dianteiro para adequar a velocidade para entrar em uma curva a esquerda, aperto o manete do freio dianteiro, sinto começar a frear, e derepente o manete perde totalmente a pressão e encosta do guidão... Com uma generosa dose de habilidade, faço a curva com os culhões na mão. Já pra sair dela, e já em segurança, mas ainda rápido, vejo que tem uma área de escape grande, e resolvo parar de brigar com a moto pra me manter no asfalto e decido rapidamente por alinhar a moto e pular para o cascalho. Para minha surpresa, vejo um matuto jogando uma cana pra cima e pular pra trás de um banco de um ponto de ônibus. Não precisava tudo aquilo vá. Tudo bem que eu vinha rápido, que eu fui em direção ao tiozinho... mas pensa num homem medroso.... e o coitado ainda perdeu uns três ou quatro gomos de cana que já estavam "cascadinhos" e eu passei por cima... o canivete eu vi ele jogando mas não vi onde foi parar... Voltei pro asfalto, nem parei. Toquei novamente, belisquei no freio e nada. Apertei, apertei... nada, então parei. Fui olhar a roda dianteira e vi o cubo todo melado de fluido. Daí então o "pobrema". A capotada foi tão violenta que o flexível do freio dianteiro fora jogado com tanta força pra baixo que ele não voltou pra posição original. Ele tem uma presilha na suspensão. Pois, o cabo foi para baixo e não voltou, ficando pegando no disco de freio. O danado resistiu quase 200 quilômetros antes de abrir o bico. Sem celular e sem solução, rodei assim os cerca de 160 km até chegar em ilha comprida. Fotos que importalizam esta peripécia... A bota não aguentou o tranco... Nem o pé direito.. Nem o pé esquerdo, nem sei porque... Carenagem só uma nova... Protetor de punho foi pras cucuias... Esse lugar é batata, caiu, ralou... Parte interna da carenagem detonada... Gambitec feita para tentar rodar com o freio dianteiro detonado... A seta com encaixe rígido, feita com leds e tudo mais agora detonada... O valente bauleto que se despendeu da base mas nao se quebrou... Depois de tudo resolvido, apenas uma lembrança do local. Os pontinhos pretos entre essa marca no chão e a minha moto lá no fundo são as lembranças que ela deixou no lugar... essa distancia da marca lá onde está a moto foi também o trecho da estadinha que agora me pertence... Pessoas, acho que até hoje não existiu homem no mundo para falar mal do conjunto zebra igual eu. É quente, entra água, é caro, é isso, é aquilo. Mas olha, se não fosse o bendito do conjunto zebra, tio Martinez teria deixado preciosos pedaços de couro e carne lá naquele saibro. Me recuso a tirar fotos do conjunto, pois vão falar que é mentira, pois o danado nem se quer desfiou. Quem estava na Ilha pode constatar. Fiquei apenas com um leve vermelho na perna e dores musculares. É isso ai turma, agora é tentar voltar a frente da sahara no lugar, arrumar a seta, a caixa de ferramentas e comprar outras carenagens da lateral direita. - Caico1983 - 17-11-2008 Martinez, o que importa é que vc está aí para contar esta estória para nós! Sobre o conjunto zebra eu tb pude constatar sua resistência quando caí em plena BR 101 onde apenas ficou um pouco arranhado, protegendo meu joelho e minha pele do pior. Vê se da próxima vez toma mais cuidado quando for dar uma de substituto do Jean Azevedo no Dakar. Abraço! - Sekoto - 17-11-2008 Cara, adorei o seu relato do tombo, digno de um escritor, pois viajamos junto nas palavras . Melhoras p/sua sassá, já que vc saiu inteiro. Eu ando muito em estrada de chão. E cautela é fundamental, nos meus quase 18 anos de estrada nunca cheguei aos 100km/h. Abraços. - Martinez - 17-11-2008 Sekoto Escreveu:Cara, adorei o seu relato do tombo, digno de um escritor,Rapaz, pra quem tá no inferno aproveita e abraça o capeta. Um peidinho a mais pra quem já está cagado meu fiiii, não dá nada. O jeito é tirar experiência do acontecido pra não fazer a mesma burrada novamente. Sekoto Escreveu:Melhoras p/sua sassá,Rapaz, eu acho que nunca fui inteiro, todos me acham meio desmiolado... Quando mais muleke, eu era o único da turma que topava descer a ribanceira no carrinho de rolemâ ... - Junior Rizzi - 17-11-2008 Martinez , Eu pude ver e comprovar o bicho foi feio ... graças a Deus que não te aconteceu nada de grave ... e quanto ao conjunto Zebra .. rapaizzz o negocio é bom mesmo ... eu estou comprando uma calça de cordura esta semana sem falta ... Quanto a sua SASSA .. logo logo volta ao normal . vamos aproveitar dia 29/11 e vamos dar umas bandas na G.O derrepente conseguimos alguma coisa por lá .. Abraços e boa sorte ! JR estaleiro - Edu Cintra - 17-11-2008 Pô Martinez, seria cômico se não fosse trágico... Mas confesso que dei umas boas risadas, afinal, pimenta nos olhos dos outros é refresco. Mas como já disseram, dos males o menor, a moto, vc arruma, troca as peças e pronto! abraço Re: estaleiro - Martinez - 17-11-2008 Jr, fiquei impressionado com o resultado da zebrinha, segurou legal o tranco... eduardo cintra Escreveu:Pô Martinez, seria cômico se não fosse trágico... Isso porque eu sou um escritor florence... A "côsa" foi feia tio... quando eu me vi no meio da poeira, com a moto saltando igual uma cabrita, e eu sem ver nada do que estava acontecendo, é como roubar a vareta de um ceguinho e botar ele na escada rolante - Marião - 17-11-2008 Ae Cabeção... quem tava na Ilha pode realmente comprovar como o conjunto da Zebra é bãããão... nem parecia que vc tinha se ferrado, tava intacto... Estamos tranquilos pois pudemos comprovar que vc tá bem... Abração!! - Juan - 17-11-2008 aiaiai...ate tu caistes meu amigo martinez Desejo para vc muita melhora e para sua sahara... e acho que ta na hora de irmos a aparecida o grupo todo pois ta loco meu um monte de acidente e incidente com as sassas..... - Hamilton - 17-11-2008 Nem vou falar nada por aqui cabeçudinho... espera só eu te encontrar! MALUCO!!! |